Política

OPINIÃO: O que vou ser quando... cresci!

Sabemos que a adolescência é um período de transição no desenvolvimento humano e a escolha da profissão faz parte desse processo, pois significa “entrar no mundo dos adultos”. Essa escolha, porém, é motivo de muitos conflitos para o adolescente, pois este sofre com a pressão da família, dos amigos, da mídia e com suas próprias dúvidas.

Com a globalização e a modernização de alguns processos, a diversidade de profissões e áreas de atuação cresce a cada dia, aumentando também os dilemas dos adolescentes sobre o que escolher. Muitos jovens, nesse período, recebem uma verdadeira sobrecarga de informações e acabam optando por uma profissão com base muito mais nos referenciais externos do que nos próprios anseios.

No Brasil, os adolescentes escolhem a profissão muito cedo, aos 16 e 17 anos. Na maioria dos casos, eles têm acesso a poucas orientações e informações para refletirem sobre aspectos importantes dessa definição, ao contrário de alguns países da Europa, nos quais a orientação vocacional faz parte do currículo escolar. Os vestibulares, extremamente disputados, também podem influenciar na escolha, pois para alguns o ritual de passar no vestibular acaba sendo mais importante do que a escolha pelo curso.

Pais e educadores devem auxiliar nessa escolha, abrindo-se ao diálogo e dando oportunidade ao adolescente de conhecer suas habilidades e motivações. É nesse momento que um serviço de orientação auxilia profundamente, pois facilita a descoberta das preferências e propicia autoconhecimento.

É importante ressaltar que não descobrir suas habilidades, competências e expectativas resulta no abandono dos cursos superiores, gerando desperdício de tempo e de investimento. Por isso, escolher com calma e paciência é melhor do que o impulso de ingressar num curso superior que não satisfaz suas necessidades. Para as turmas do Ensino Médio do Colégio Marista de Cascavel um projeto de orientação profissional foi elaborado, auxiliando na escolha da profissão, sanando dúvidas e dando dicas que podem servir a todos os adolescentes que vivenciam essa fase:

Conheça as profissões que mais lhe atraem e acompanhe de perto alguns profissionais em seu dia a dia de trabalho. Verifique se o estilo de vida que a carreira propicia combina com o seu.

Em relação à remuneração, reflita: satisfação pessoal e sucesso financeiro não podem caminhar juntos? Afinal de contas, quanto mais o profissional está motivado, mais chances de crescer na carreira ele tem. Lembre-se: ninguém é feliz fazendo o que não gosta.

Cuidado com as ideias preconcebidas com relação às profissões. Exemplos: “quem trabalha em informática é tímido”, “engenheiros sujam as mãos” etc. Conhecendo o dia a dia de um profissional da área é possível derrubar esses estereótipos. Outro exemplo típico é: “advogados não precisam ter conhecimentos em matemática”, “engenheiros não precisam ser bons comunicadores”. Os advogados tributaristas, por exemplo, precisam ter bons conhecimentos em cálculos e os engenheiros que atuam como gestores de pessoas utilizam sua capacidade de comunicação o tempo todo.

Ler e pesquisar sobre todas as possibilidades dentro de uma profissão também é de suma importância para a escolha. Avalie, inclusive, o currículo do curso. Perceba que você precisará se dedicar durante alguns anos para se formar e é importante estar consciente das disciplinas que vai encontrar pela frente.

Cuidado também para não escolher a profissão pensando na empresa dos seus sonhos. A realidade do mercado de trabalho é bem diferente e a tendência é a diminuição dos empregos formais. Desta forma, cada vez mais se exige que os profissionais tenham espírito empreendedor e flexibilidade.

Pare, pense e decida com calma. O trabalho não deve ser fonte de insatisfação e sim de prazer. Nada melhor do que fazer o que gosta e ainda por cima ser bem remunerado.

Giani Marques Ferreira dos Passos é responsável pelo Projeto Orientação Profissional no Colégio Marista Goiânia, do Grupo Marista