Opinião

OPINIÃO: A violência e a expansão do crime organizado no Brasil

A extensão da violência no Brasil vai muito além de ocorrências assustadoras, citadas em discursos de candidatos a cargos eletivos no pleito deste ano.

Para se ter ideia da dimensão da tragédia, basta lembrar que a criminalidade fez 3,5 vezes mais mortes do que todos os ataques terroristas registrados no mundo em 2017.

Como a violência vem batendo recordes ano após ano no País, fica comprovado que autoridades e cidadão vêm se mostrando incapazes de entender a triste realidade nacional e buscar políticas públicas capazes de reduzir o sofrimento das vítimas e seus familiares e amigos.

A grande evidência do fracasso do Brasil na prevenção da violência e controle do medo e do crime está na soma de mortes violentas e intencionais registradas no País em 2017, que atingiram 63.880 pessoas, de toda as idades, categorias sociais e origens raciais.

Para dimensionar melhor a magnitude desse número, basta citar que ele foi 350% maior do que o total de mortes provocadas por atos terroristas ocorridos no mundo no mesmo ano de 2017.

Conforme dados oficiais, no ano passado o planeta registrou 18.475 seres humanos assassinados em ataques terroristas, enquanto no período de 2014 e 2017, as vítimas fatais do terrorismo somaram 124.382 pessoas.

No Brasil, nos mesmos quatro anos, as mortes de forma intencional e violenta somaram 243.545 pessoas, incluindo jovens, crianças, adultos e idosos.

Com isso, a violência está se tornando uma das marcas mais profundas da história moderna do País, trazendo à tona de modo muito intenso as ações do crime organizado, especialmente o vinculado ao tráfico de drogas e armas, sem respostas eficazes das diversas instâncias do Estado.

Essas ações, em todo o território nacional, mostram que o Brasil foi tomado por verdadeira guerra entre organizações criminosas, cujos líderes, em muitos casos, estão presos, cumprindo penas determinadas pelo Judiciário, mas que continuam dominando seus cúmplices.

Na prática, facções como o PCC (Primeiro Comando da Capital) têm utilizado presídios estaduais e federais como plataformas de invasão e dominação de áreas de todo o território nacional.

Esse avanço vem resultando em guerra entre facções, com técnicas de terrorismo político e religioso, como demonstram cenas de decapitações, sem maior indignação e repressão por parte das autoridades.

Entre os resultados dessa omissão ou submissão, além de temor e sofrimento impostos aos cidadãos de bem, estão os ataques a policiais civis e militares, além de membros das Forças Armados, e instituições como escolas e postos policiais.

Dessa forma, o País, conforme especialistas, está banalizando a morte e tornando as pessoas insensíveis à dor e ao sofrimento da população, que vive sob o fogo cruzado da tirania do crime organizado e da incapacidade do Estado em unir esforços contra a criminalidade.

Obviamente, a situação é muito mais trágica na periferia de grandes centros urbanos, onde os criminosos controlam o funcionamento do comércio e repartições públicas e até mesmo o trânsito de pessoas e veículos nas vias públicas, mas os males da violência já chegaram às pequenas cidades e até mesmo às comunidades rurais de todo o País.

isso, em vez de segurança, tranquilidade e bem-estar dos cidadãos, o País está democratizando o medo, a dor e as incertezas com relação ao futuro de nossas famílias e nossas comunidades.

Dilceu Sperafico é deputado federal pelo Paraná licenciado e chefe da Casa Civil do Governo do Estado – [email protected]