Cotidiano

'Operadores do Direito precisam de um pouco mais de cautela', diz Alckmin

RIO ? O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse concordar com as críticas do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zawascki ao que chamou de “espetacularização” da força-tarefa do Ministério Público em Curitiba, quando apresentou no mês passado denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista ao jornalista Roberto D’Ávila, exibida nesta quarta-feira pela GloboNews, Alckmin afirmou que é admirador de Teori e que o país tem “bons juízes”.

? Ele tem razão. Os operadores do Direito precisam de um pouco mais de cautela ? afirmou o governador de São Paulo.

Padrinho político de João Doria (PSDB), eleito prefeito de São Paulo já no primeiro turno no pleito do último domingo, Alckmin ressaltou que é preciso oxigenar a política com novas lideranças e que esse foi, na sua avaliação, o recado das urnas. Ao ser questionado sobre a demonização da política, em meio a escândalos de corrupção envolvendo vários partidos, o governador de São Paulo defendeu que haja investigações e disse que é preciso “acabar com a impunidade, principalmente a do colarinho branco”.

? O ser humano no mundo inteiro não é perfeito. Qual é a diferença? É que nos outros lugares há punição e no Brasil tinha impunidade. É preciso trazer novas lideranças para a vida pública, oxigenar, novos nomes, novos modelos, inovações. O recado das urnas acho que foi esse. De um lado, encerrando um ciclo, o PT, do desajuste fiscal, dos desvios éticos, do impeachment, derrocada eleitoral. Ficou claro no Brasil inteiro. Do outro lado, esperança, uma política com foco nas pessoas.

Perguntado se o fato de Doria se colocar como alguém que não é político o deixa ofendido, Alckmin respondeu que a mensagem que seu aliado quis destacar, ao longo da campanha, é que tem perfil de gestor e que uma nova política passa pela eficiência. Ele também minimizou o divisão dentro do PSDB, após a decisão de lançar Doria como candidato à prefeitura.

? É natural que, em um partido grande, você tenha boas lideranças. As pessoas se posicionam. Importante é, depois de decidido, estarem todos juntos ?declarou.

Alckimin não respondeu se será candidato a Presidência pelo PSDB em 2018 e se disse contra “antecipar eleição”.

? Sempre defendo a democracia dentro dos partidos (…). Sou contra antecipar eleição. Nós nem acabamos ainda a eleição municipal, em que o PSDB foi muito bem.

REFORMAS E GOVERNO TEMER

Em outro trecho da entrevista, o governador de São Paulo defendeu que o país vive um momento político favorável para realizar reforma. Também aproveitou para se manifestar a favor da PEC 241, que fixa o teto para gastos públicos, e enfatizou que trabalhará para aprová-la. Alckmin disse, no entanto, que se fosse presidente da República, realizaria primeiro as reformas da Previdência, a simplificação trabalhista e tributária e a redução do número de partidos políticos e só depois proporia o projeto.

? O risco é você gastar todo o cacife político, toda a energia, para aprovar a PEC e deixar as reformas para o ano que vem ? afirmou, acrescentando:

? O momento é esse porque o governo é novo, o governo do Michel Temer está começando. O ambiente político é favorável porque quem teve dois terços para aprovar o impeachment tem maioria para aprovar as reformas.

Alckmin também foi questionado sobre a decisão da Justiça de São Paulo de anular o julgamento de 74 policiais militares condenados em primeira instância por envolvimento no massacre do Carandiru, ocorrido em 1992. Ele destacou a demora da Justiça para julgar o caso.

? O processo agora recomeça. Claro que o Ministério Público vai recorrer. Isso nos leva a outra questão, é preciso ter uma reforma do Judiciário. Nós passamos de 100 milhões de processos. Há uma judicialização excessiva e um número de recursos infindável ? afirmou, também se posicionando a favor da prisão de condenados em segunda instância.