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Opção em caso de corte de Varejão, Felício já irritou Magnano

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Entre todas as posições em quadra, a seleção brasileira parecia estar bem resolvida quanto a seus pivôs. Afinal, Nenê, Tiago Splitter e Anderson Varejão, todos da NBA, estão entre os brasileiros de maior destaque na liga. Os três gigantes, no entanto, sofrem com lesões constantes. Nenê perdeu espaço no Washington Wizards na última temporada, mas está na seleção; recuperando-se de uma cirurgia, Splitter foi cortado; e, dessa vez, é Varejão quem corre sério risco de ficar fora.

Com dores fortes nas costas e sem treinar há nove dias, Varejão pousou na tarde desta segunda-feira na Califórnia para realizar exames exigidos pelo Golden State Warriors. A preocupação é maior pelo fato de Varejão ter um histórico de lesões que reduz o número de partidas por temporada e a média de minutos em quadra.

Além de Varejão, o técnico Rubén Magnano tem em sua lista de 12 jogadores os pivôs Nenê, Augusto Lima, do Real Madrid, e Rafael Hettsheimeir, do Bauru. O Brasil fica fragilizado em caso da confirmação do corte. A substituição pode ser feita até o dia 2 de agosto e deve sair de uma lista de 50 nomes enviada em março, e não divulgada. Aquele que virtualmente seria a primeira opção de Magnano, o pivô Vitor Faverani, do espanhol Múrcia, foi cortado no início do mês da seleção com lesão no joelho direito.

Para piorar a situação, o técnico argentino demonstrou publicamente ter ficado chateado com Cristiano Felício, ex-Flamengo e atualmente no Chicago Bulls. Contratado pelo clube americano no ano passado, o pivô de 24 anos e 2,08m recusou a convocação da seleção em junho para atuar na Liga de Verão, torneio preparatório para atletas novatos e em busca de afirmação na NBA. Na competição encerrada em 18 de julho, o Bulls sagrou-se campeão e Felício foi um dos destaques. Em sete jogos do torneio, ele teve média de 22,9 minutos, 11,4 pontos e 6,3 rebotes por partida.

– Claro que fico chateado. São razões pessoais. Temos que entender. Não significa aceitar – comentou o treinador à época da convocação. – Eu estive nos Estados Unidos e conversei com ele. Estava tudo certo. Falei que seria importante para ele, até para ganhar um ritmo de jogo maior. Mas quando comecei a fazer a lista, a CBB me falou que ele não iria se apresentar porque decidiu jogar a Liga de Verão.

Com apenas mais um ano de contratado garantido na liga americana e ganhos de US$ 870 mil (R$ 2,8 milhões) – muito acima do que recebia no Flamengo -, o jogador viu na competição uma chance para fincar seus pés na NBA. Em sua primeira temporada no Bulls, teve poucas oportunidades e só ganhou espaço no fim. Em abril, teve média de 19,4 minutos, 7,9 pontos, 5,9 rebotes.

“Foi uma decisão muito difícil, a mais difícil que tomei em toda a minha vida (…) Sei o que significa vestir a camisa do meu país, mas tenho a consciência de que tenho que trabalhar ainda mais duro, me dedicar e evoluir para conquistar o meu espaço, pensar no meu futuro. Infelizmente, aconteceu tudo ao mesmo tempo”, divulgou, em junho, por nota.

Durante os primeiros dias de treino da seleção olímpica, em São Paulo, Felício foi defendido por Alex Garcia, capitão da seleção de Magnano.

– Se eu estivesse na situação deles, faria a mesma coisa – disse Alex, citando também o pivô Lucas Bebê, do Toronto Raptors. – Eles têm uma vida inteira de seleção pela frente. Se meu time me pedisse para ficar mais tempo, eu faria a mesma coisa para ganhar meu espaço e ser um titular da equipe.

Além de Felício e do próprio Bebê, Magnano tem como opções para a posição os jogadores que usou no Sul-Americano: Rafael Mineiro e JP Batista, ambos do Flamengo, e Lucas Mariano, do Mogi das Cruzes.