Cotidiano

ONU: Quase um milhão de sírios vive sob cerco na guerra civil

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NOVA YORK ? Quase um milhão de pessoas vive sob cerco na guerra civil que assola a Síria, segundo o secretário-geral adjunto para Assuntos Humanitários e coordenador da Ajuda de Emergência da ONU, Stephen O’ Brien. A organização alertou para o aumento maciço de sírios nesta situação dramática: o índice subiu de 484.700 a 974.080 pessoas nos últimos seis meses. Sem previsão de chegarem ao fim, os sangrentos conflitos já duram mais de cinco anos no país e fizeram centenas de milhares de vítimas fatais. siria2111

Há mais de um ano que a cruel tática de sitiar cidades é adotada no país ? sobretudo pelo regime do presidente Bashar al-Assad. De acordo com O’Brien, novas localidades foram somadas à lista de zonas que não poder ser abastecidas nem receber ajuda humanitária porque estão bloqueadas. Dentre elas, incluem-se um bairro da capital Damasco e várias zonas de Guta Oriental, que rodeia a cidade.

Nestes locais, os moradores vivem um grave drama humanitário: vivem isolados, sem a quantidade necessária de alimentos e embaixo de frequentes ataques aéreos. Segundo o alto funcionário da ONU, estas são estratégias que obrigam a população civil a se submeter às forças de poder ou a fugir:

? É uma tática deliberada. Uma forma cruel de castigo coletivo ? disse nesta segunda-feira O’ Brien, com um novo pedido para que todos os cercos sejam levantados na Síria.

O funcionário também criticou a atuação do Conselho de Segurança por ser, em suas palavras, incapaz ou reticente para pôr fim à guerra civil na Síria.

?O TEMPO ESTÁ ACABANDO? PARA ALEPPO

No domingo, o enviado especial da ONU para a Síria afirmou que o ?tempo está acabando? para o Leste de Aleppo, controlado pelos rebeldes que lutam contra o governo de Assad, e expressou a ?indignação internacional? com os bombardeios do regime sírio contra esta zona da cidade. Após reuniões em Damasco, Staffan de Mistura confirmou que o regime rejeitou uma proposta para que os rebeldes administrem de forma autônoma a área de Aleppo que controlam.

Enquanto isso, no mesmo dia, ataques de rebeldes e das forças do governo fizeram vítmas civis dos dois lados do conflito em Aleppo. No Leste da cidade, uma bomba matou uma família de seis pessoas. Já ataques rebeldes mataram oito crianças em uma escola do setor controlado pelo governo após quase uma semana de bombardeios pesados do governo na guerra civil síria.

Dois médicos disseram que a família al-Baytounji se sufocou até a morte porque a bomba, que caiu no distrito de Sakhour por volta da meia-noite, teria gás cloro. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), que monitora a guerra, não pôde confirmar o uso do gás de cloro. Damasco tem negado o uso de armas químicas.

Já os bombardeios rebeldes mataram ao menos oito crianças com idades entre 6 e 12 anos. Elas estão entre os 10 mortos na escola de Saria Hasoun, no distrito de al-Farqan, segundo o observatório e a televisão estatal síria.

Centenas de pessoas foram mortas desde terça-feira nos bombardeios mais pesados da guerra civil do país, com o governo e seus aliados tentando anular a resistência na zona Leste de Aleppo. Os militares da Síria e a força aérea russa observaram por duas semanas uma pausa no bombardeio a Aleppo, exceto na linha de frente, depois de uma ofensiva de um mês, do final de setembro até o final de outubro. Mas os ataques recomeçaram na terça-feira.