Cotidiano

ONU e União Africana condenam bloqueio de Trump a refugiados

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RIO ? As novas políticas para refugiados do presidente dos EUA, Donald Trump, provocam preocupação e condenação entre líderes africanos e diplomatas que trabalham em favor do continente. Nesta segunda-feira, a chefe da União Africana, Nkosazana Dlamini-Zuma, disse que a proibição de entrada para refugiados e pessoas de sete países de maioria muçulmana deverá desencadear tempos turbulentos. A medida do republicano, novo no comando da Casa Branca, também foi implicitamente criticada pelo recém-empossado secretário-geral da ONU, António Guterres. trump

O polêmico decreto do presidente proibiu a entrada nos Estados Unidos de todos os refugiados, independente de sua origem, durante 120 dias ? e de forma indefinida para os refugiados sírios. Também baniu durante 90 dias a entrada de cidadãos de sete países de maioria muçulmana: Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen.

? Estamos entrando em tempos muito turbulentos ? disse Nkosazana a líderes africanos no iníico de uma cúpula do bloco, integrado por 54 nações, em sua sede na capita da Etiópia. ? O mesmo maís para onde muitas nas nossas pessoas foram levadas como escravas agora decidiu banir refugiados de alguns dos nossos países. O que fazemos sobre isso? De fato, este é um dos maiores desafios à nossa união e solidariedade.

Já Guterres ? que por uma década foi chefe do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) ? não citou Trump ou os Estados Unidos em seu discurso na mesma cúpula. Mas comparou a massiva recepção de refugiados pelos países africanos às políticas de exclusão adotadas pelo novo governo em Washington e por nações europeias. Líderes africanos já observavam com preocupação a transição de poder na Casa Branca, mesmo antes da ordem executiva de Trump.

? As nações africanas estão entre as maiores e mais generosas anfitriãs para refugiados. As fronteiras africanas permanecem abertas aos que precisam de proteção, enquanto tantas fronteiras estão sendo fechadas até mesmo em alguns dos países mais desenvolvidos do mundo.

Por sua vez, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, o jordaniano Zeid Ra’ad Al Hussein, foi bem mais claro em seu pronunciamento. Chamou o decreto anti-imigração de ilegal e “mesquinho”.

“A discriminação pelo único motivo da nacionalidade é proibida pela lei dos direitos humanos”, escreveu Zied no Twitter. “O veto americano é também mesquinho e desperdiça recursos necessários para lutar de maneira adequada contra o terrorismo”.

E, ainda, a Organização para a Cooperação Islâmica, que reúne 57 nações de quatro continentes, pediu que o governo americano reconsidere a sua decisão. Com um alerta, a organização expressou profunda preocupação com as possíveis consequências da medida.

?Esta decisão vai complicar ainda mais os já graves desafios para refugiados. Como resultado da proibição, os que fogem de guerras e perseguições foram adversa e injustamente afetados?, declarou em comunicado a organização. ?Estes atos seletivos e discriminatórios vão apenas servir para encorajar as narrativas radicais dos extremistas e fornecer mais combustível aos promotores da violência e do terrorismo em um momento crítico?.