Cotidiano

ONG venezuelana denuncia anulação de julgamentos de presos políticos

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CARACAS – A ONG Foro Penal Venezolano (FPV) denunciou uma postergação de um processo judicial contra quatro detidos sem provas contundentes há quase dois anos e meio. Hoje considerados presos políticos, Gerardo Carrero, Nixón Leal, Ángel Contreras e Carlos Pérez estão presos desde maio de 2014, quando faziam parte de um acampamento instalado em frente à sede do Programa da ONU para o Desenvolvimento (Pnud) em Caracas. Seu julgamento deverá ser recomeçado do zero depois de uma série de deferimentos e atrasos.

“Estes presos políticos decidiram não continuar assistindo às audiências por considerá-las inúteis e viciadas. Este caso está repleto de injustiças e retardo processual, já que, por culpa da promotoria, dos tribunais e do sistema de Justiça, o julgamento foi interrompido em 13 de setembro”, condenou em nota Gonzalo Himiob Santomé, diretor da Foro Penal. “É uma verdadeira tragédia.”

O quarteto foi preso por suposta conspiração, quando faziam uma ocupação em protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro. Apesar da suposta falta de provas apontada pelos familiares dos acusados, eles tiveram pedidos de habeas corpus negados.

Santomé argumentou ainda que o direito a liberdade plena havia sido requerido por Hugo Chávez depois de ser preso em 1992 por uma tentativa de golpe de Estado. Ele seria eleito presidente anos depois.

Adriana Baduel, porta-voz dos detidos, afirmou que Carrero chegou a ser torturado física e psicologicamente. O governo e a Justiça não se pronunciaram sobre as críticas e denúncias da Foro Penal.

A Foro Penal denunciou na semana passada que 35 presos políticos estão com estado de saúde considerado grave. Atualmente, a ONG estima em 96 o número de detentos por razões políticas. Somente em 2016, já teria havido mais de 2.400 detenções do tipo no ano.