Cotidiano

ONG: Em três dias, 30 mil pessoas fugiram de combates em Faluja

201606181754109922_AFP.jpg BAGDÁ ? Os conflitos na cidade iraquiana de Faluja levaram ao menos 30 mil pessoas a fugir nos últimos três dias, afirmou neste domingo o Conselho Norueguês de Refugiados (CNR). A organização teme uma catástrofe humanitária, enquanto os campos de refugiados do país lutam para abrigar tantas pessoas. Nos últimos dias, as tropas iraquianas vêm avançando para combater o Estado Islâmico (EI) ? e o governo afirma já ter reconquistado 80% do território. faluja1906

No sábado, as tropas iraquianas eliminaram minas terrestres e retomaram o principal hospital de Faluja. As operações militares para atacar Mossul, outro grande reduto jihadista, também foram retomadas.

Apenas na sexta-feira, estima-se que cerca de 20 mil pessoas tenham nadado para chegar a locais mais seguros. Há relatos de que jihadistas tenham se infiltrado em meio à multidão em fuga. A maioria dos deslocados permanece em campos de abrigo perto da cidade.

“O número total de deslocados de Faluja está estimado em cerca de 30 mil pessoas nos útlimos três dias, indicou o diretor da ONG para o Iraque, Nasr Muflahi, em comunicado. “Pedimos, por favor, que o governo iraquiano assuma esta catástrofe que está se desenvolvendo em frente aos nossos olhos”.

Ainda há confrontos em algumas partes de Faluja, onde aviões iraquianos e americanos miram os rebeldes. Há relatos de tiroteios, ataques de homens-bomba e ataques com vítimas fatais. A operação conta com o Exército iraquiano, forças policiais federais e regionais e unidades anti-terrorismo.

Antes da ofensiva das forças de segurança, iniciada há cerca de um mês, milhares de civis estavam presos no reduto jihadista. Muitas pessoas eram utilizadas como escudo humano pelos combatentes. Desde então, outras 32 mil pessoas já haviam deixado a cidade em busca de abrigo nos arredores, segundo a ONG.

ÊXODO PODERÁ AUMENTAR

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 82 mil pessoas já deixaram Faluja, que fica a uma hora de Bagdá. Estima-se que outras 25 mil ainda cheguem a campos de refugiados, que lutam para abrigar tantas pessoas.

? As pessoas correram e andaram por dias. Elas deixaram Faluja sem nada ? disse Lisa Grande, Coordenadora Humanitária da ONU para o Iraque. ? Elas não têm nada e precisam de tudo.

Agora, a estratégia das forças iraquianas é tomar a cidade de Qayarah, a 60 quilômetros de Mossul, para chegar à cidade controlada pelos jihadistas desde 2014. Esta é considerada a primeira fase da operação. O êxodo provavelmente será bem maior se a operação militar iraquiana conseguir avançar sobre Mossul, como está planejado para os próximos meses.

O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, ordenou medidas para ajudar os deslocados. Mais 10 campos de refugiados deverão ser criados em breve. Mas o governo nem mesmo consegue medir exatamente o número de pessoas deslocadas, muitas das quais vivem a céu aberto ou em tendas que abrigam várias famílias.

Faluja foi a primeira cidade iraquiana a cair nas mãos do grupo extremista em janeiro de 2014. Além disso, era o último grande reduto do EI na província de Anbar, conhecido por ser o coração da minoria sunita do Iraque. Ao Norte do país, os extremistas ainda controlam Mossul, a segunda maior cidade iraquiana.

No total, os conflitos no Iraque já forçaram mais de 3,3 milhões de pessoas a deixar suas cidades. O país também abriga cerca de 300 mil refugiados sírios, dos quais a maioria vive em assentamentos precários ou em campos de refugiados.