Cotidiano

Oeste monitora áreas atenta à nova praga

Cascavel – Uma nova praga responsável por perdas milionárias nas lavouras dos Estados Unidos, México, Uruguai Argentina deixa a agricultura da região oeste do Paraná em alerta, devido à proximidade com os dois países do Mercosul. Considerado ultrarresistente aos mais poderosos herbicidas usados no campo, a Amaranthus palmeri é uma ameaça às plantações de soja. Diferente das espécies deste tipo de caruru já existente em solo brasileiro, essa conta com flores femininas e masculinas separadas nas plantas, produzem um número descomunal de sementes, chegando até a 1,5 milhão por planta, dificultando o seu controle.

Quem chamou a atenção dos produtores e engenheiros agrônomos da região oeste foi o pesquisador da Embrapa Soja, Dionísio Gazziero, em recente palestra proferida em Cascavel, preocupado com a dificuldade de os americanos conter o avanço da praga nos campos, mesmo com todos os adventos tecnológicos e de combate às pragas existentes hoje no mercado.

No Paraná, segundo maior produtor de soja brasileiro, depois de Mato Grosso, apesar de não ter havido registro da presença de A. palmeri, a Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), a Secretaria Estadual da Agricultura, a Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), o Ministério da Agricultura e a Embrapa iniciaram um trabalho preventivo com produtores e técnicos.

A grande pergunta é: Como está praga chegou até o Brasil. As suspeitas giram em torno de uma hipótese: por intermédio de máquinas agrícolas usadas, destinadas à colheita do algodão na Argentina. No território brasileiro, os primeiros casos ocorreram em Tapurah e Ipiranga do Norte, no Mato Grosso. Essas áreas inclusive têm sua localização sob extremo sigilo por parte do Ministério da Agricultura. Nos Estados Unidos, a falta de controle desta praga causa perdas de até 80% em lavouras de soja e algodão e na cultura do milho, podendo chegar a 90%. A planta daninha compromete a qualidade da soja, por disputar água, luz e nutrientes dos pés do grão.

Para Gazziero, os municípios do Paraná e da região oeste precisam ficar atentos a qualquer surgimento de praga similar a essa espécie. Os órgãos de defesa agropecuário do Estado precisam ser comunicado com urgência para adotar as medidas cabíveis. Uma das diferenciações entre as espécies que precisa ser percebida pelo produtor é que na a. palmeri, os pecíolos (estrutura responsável pela ligação do caule à folha), tem normalmente o mesmo tamanho ou são maiores que a folha. “Essa planta daninha tem como outra característica a inflorescência feminina que ao serem tocadas parecem espinhos”. O crescimento e a propagação dessa planta também causam espanto, podendo chegar a até dois metros de altura. “O crescimento acelerado dificulta as aplicações de defensivos agrícolas pós-emergentes”, salientou Gazziero. Segundo Gazziero, no caso do A. palmeri surge uma estrutura que se assemelha a um espinho, o que difere do formato pontiagudo e rígido das estruturas do Amarantus spinosus. Gazziero explica que o controle de A. palmeri pode ser feito por herbicidas, mas alerta que nos Estados Unidos já houve a constatação de resistência da planta daninha a diferentes princípios ativos (glifosato, herbicidas inibidores da ALS, do fotossistema II e dos inibidores da HPPD e da tubulina). “A rápida evolução da resistência a herbicidas trouxe um ameaça às alternativas de controle”.

No Brasil, o caminho para evitar prejuízos é a identificação precoce e o monitoramento frequente. “Há algumas espécies que encontram resistência até mesmo ao glifosato”.

Primeiro registro no Brasil

A presença da planta daninha A. palmeri foi confirmada em junho de 2015, no Brasil, pelo Instituto Mato-grossense do Algodão, durante o monitoramento de lavouras de algodão no estado. Devido à alta agressividade do Amaranthus palmeri, desde o ano passado, os estados de Mato Grosso e Paraná mobilizaram os representantes da cadeia produtiva de grãos para elaborar estratégias de contenção à planta daninha.

Em Mato Grosso, desde a constatação dos primeiros casos da Amaranthus palmeri, foram estabelecidas medidas fitossanitárias, pelo Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso, em conjunto com o Ministério da Agricultura e instituições de pesquisa e ensino, detalhados na instrução normativa Indea nº 86, de 4/12/2015. Ainda assim, existe a possibilidade de disseminação da espécie pelas fronteiras com países vizinhos, principalmente por meio de máquinas, animais silvestres e sementes.