Cotidiano

Odebrecht comprou banco para distribuir propinas

SÃO PAUL0. A Odebrecht comprou o controle acionário de um banco em Antígua, mantido em nome de terceiros, para abastecer contas no exterior, grande parte delas usadas para fazer pagamentos determinados pelo setor de Operações Estruturadas, departamento criado pelo grupo exclusivamente para distribuir propinas. O Meinl Bank Antígua foi adquirido em 2010 por executivos ligados ao grupo e movimentou cerca de US$ 1,6 bilhão em mais de 40 contas. As informações são de Vinícius Borin, um dos três integrantes da administração do banco, que assinou acordo de delação premiada na Lava-Jato e prestou depoimento no último dia 17.

Segundo Borin, a compra de 51% do Meinl Bank Antígua foi fechada por US$ 3,984 milhões e o restante permaneceu com o Meinl Bank Viena. Mais tarde, o grupo exerceu opções de compra e chegou a deter 67% das ações da instituição.

Borin afirmou que a maioria das contas operadas no banco foi fechada em 2015, depois que as offshores apareceram na Operação Lava-Jato. Já com o empresário Marcelo Odebrecht preso, Felipe Montoro Jens e Fernando Migliaccio, representantes do grupo, chegaram a sugerir que os executivos do banco deixassem o Brasil e se mudassem para Portugal, República Dominicana ou para Antígua, já que as operações eram coordenadas do Brasil. O grupo teria chegado ainda a pensar em comprar o restante da participação no banco, para fechá-lo e sumir com a documentação.

Borin disse que todos os executivos ligados à operação do Meinl Bank tinham codinomes e senha do programa de computador criado para movimentar propina, o Drousys. Ele não soube dizer se todos os recursos movimentados pela instituição financeiras eram ilegais, mas acredita que a maioria sim. Disse que depois da Lava-Jato conseguiu levantar pagamentos a algumas contas “suspeitas” e identificou US$ 16,633 milhões pagos à ShellBill por meio de três contas da Odebrecht – Klienfeld, Innovation e Magna. A Shellbil pertence ao publicitário João Santana, responsável pelas campanhas de marketing do PT à presidência – as duas que elegeram Dilma Roussef e a do ex-presidente Lula, em 2006.

Borin disse que nunca teve contato com o empresário Marcelo Odebrecht, mas que dificilmente ele não saberia, devido ao volume de recursos.