Política

Obras param e colocam abastecimento em risco

Cascavel – O investimento milionário para ampliação da capacidade de captação de água para abastecer Cascavel simplesmente está parado há mais de dois anos. Embora a “Metrópole do Futuro” esteja na segunda colocação no ranking nacional em saneamento, conforme dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério das Cidades, o momento não é de comemoração. Pelo contrário, a situação é de extrema preocupação.

Com o aumento do consumo devido à expansão de unidades habitacionais, a cidade já deveria contar com nova estrutura de captação e abastecimento de água tratada pela Sanepar, responsável pelo serviço.

Porém, as obras projetadas ainda em 2006, por meio do Plano Diretor, continuam onde sempre estiveram: no papel.

Hoje o abastecimento urbano ocorre pelos Rios Cascavel, Peroba e Saltinho – além de poços artesianos. Só que o risco de faltar água em regiões da cidade é grande, com isso o receio é de medidas mais severas, como rodízios durante períodos de estiagem prolongada.

A proposta era implantar um sistema que trouxesse a água do Rio São José (com nascentes na Fazenda Festugatto, na saída para Curitiba) até as centrais de tratamento e distribuição, o que demanda 15 quilômetros de tubulações subterrâneas. O investimento estimado em R$ 71,736 milhões deveria estar pronto. Em vez disso, apenas 14,3% dos serviços foram executados – praticamente nada diante da dimensão da obra, executada com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), por meio do Ministério das Cidades. Sem alarde nem cobrança, a obra caiu no esquecimento: o certame em briga judicial foi silenciado pelo próprio governo do Estado.

A pendenga

O montante estava dividido para duas etapas da obra: a primeira para ampliação do sistema, no valor máximo de R$ 44 milhões, em julho de 2015, com três participantes interessadas no certame milionário aberto pela Sanepar: Onix Construções S/A. (R$ 36.881.206,20); LFM Engenharia de Obras Ltda. (R$ 39.813.742,09) e Village Construções Ltda. (R$ 39.949.000). Em setembro a empresa LFM recorreu à Justiça questionando a primeira colocada. Desde então, um embate judicial tem impedido a execução da obra. O processo chegou ao TJ-PR (Tribunal de Justiça do Paraná) e por decisão da maioria dos desembargadores a Onix foi considerada a vencedora. “Foram dois anos de embate judicial. Já era para obra estar pronta. Mas nesse meio tempo garantimos que o recurso financeiro fosse mantido. Já compramos as tubulações e agora esperamos que a empresa inicie os serviços. Foram destinados R$ 9 milhões para tubulações”, explica Renato Bueno, gerente Regional Sanepar Oeste/Sudoeste.

A previsão é de que as obras sejam retomadas até setembro deste ano.

Medidas paliativas são implantadas

Hoje a captação de água era para ser feita por meio do Rio São José, evitando a utilização de afluentes como Cascavel, que sofre baixa vazão a cada ano que passa. Até a água represada no Lago Municipal é usada para abastecer as moradias.

Hoje são captados em média 150 litros de água por segundo dos rios e poços artesianos (13 milhões litros/dia) – com a estrutura ampliada serão 750 litros por segundo (65 milhões litros/dia).

As obras levarão em média dois anos para ficarem prontas. Sem muito tempo, a expectativa da Sanepar é pelo xeque-mate da Justiça, para que a licitação seja validada. “Se tivermos novos atrasos a partir de setembro, então cada mês que passar poderá complicar o resultado final daqui a dois anos”, diz Renato Bueno, gerente da Sanepar Regional Oeste/Sudoeste.

Como medida de contenção e para evitar desabastecimento, novos poços artesianos terão de ser perfurados. Por dia, o consumo de água em Cascavel supera a marca de 80 milhões de litros. Por isso, a estrutura usada há anos é insuficiente e em 2050 o Município terá de investir na busca de água em regiões mais distantes.

O próximo projeto estabelece captação de água no Rio Tormenta, limite com o Município de Catanduvas. “Esses rios chegaram ao máximo que podiam no abastecimento de água. Podemos utilizá-los até ano que vem, quando se esgota sua capacidade. Temos todo plano feito para evitar transtornos, como a falta de água, com reservatórios em execução e mais poços em implantação. Cascavel cresceu e deve crescer ainda mais, o que evidencia a necessidade de ampliação o quanto antes”, alerta Bueno.