Esportes

O sonho gigante de Carlos Serrano na Paralimpíada

No Parque Olímpico da Barra, o clima ainda é bem diferente da agitação vivida durante o período dos Jogos. Os aros olímpicos, local preferido para fotos durante o evento, não estão mais lá. Por enquanto, só funcionários, voluntários e atletas a caminho dos treinos.

Às vésperas do início da Paralimpíada, o friozinho na barriga é inevitável. Na segunda-feira, 1.100 atletas entraram na vila. Enquanto alguns chegam, outros já estão na reta final de preparação para a estreia. PARALIMPIADA – 04-09

No Estádio Aquático, o desfile de estrelas continua. Saiu Michael Phelps, entrou Daniel Dias. A também americana Katie Ledecky abriu espaço para a compatriota Jessica Long. Ontem, Dias e os demais brasileiros treinaram no início da tarde. À noite, foi a vez de irlandeses, americanos, alemães, cubanos e colombianos.

Entre eles, um jovem de 18 anos, completados no mês passado, chamava a atenção. Com jeito de menino, Carlos Serrano carrega uma responsabilidade enorme sobre os ombros: o de acabar com um incômodo jejum de 36 anos sem medalha de ouro paralímpica para o seu país. A última vez que a Colômbia subiu ao alto do pódio foi em 1980, com o também nadador Pedro Mejia.

TRANSTORNO DE CRESCIMENTO

Eleito, por voto popular, o melhor atleta paralímpico ao bater o recorde mundial dos 100m peito, na categoria SB7 (1min14s72), durante o evento-teste para os Jogos, em abril, Serrano vai competir no sábado. Tímido no alto de seu 1,44m, ele cresce quando fala de sua possibilidades no Rio.

? Será minha primeira Paralimpíada e quero muito ganhar essa medalha, o que não acontece desde 1980. O nado peito é a minha especialidade ? conta ele, que sofre de transtorno de crescimento.

A expectativa por um resultado expressivo é grande. Treinador do jovem atleta, Luis Calderon Fuentes está confiante em uma boa performance do pupilo.

? Ele tem totais condições de conquistar o primeiro lugar. Carlos é um ídolo na Colômbia ? afirma o técnico.

Quando estive aqui pela primeira vez, em abril deste ano, nadei em Copacabana e gostei muito Para Serrano, não há pressão. Ele diz que é é uma honra estar representando seu país, ainda mais na piscina onde há poucos semanas esteve lendas da modalidade.

? É uma honra nadar na mesma piscina onde esteve Michael Phelps ? comenta.

Apesar de ídolo, o colombiano ainda não tem um longo currículo nas piscinas. Ele começou a nadar há cerca de três anos e, desde então, coleciona feitos. No Mundial de Glasgow, em 2015, levou para casa cinco medalhas de ouro.

APENAS SEIS MEDALHAS

Pela segunda vez no Brasil, o nadador se desmancha em elogios à sede dos Jogos.

? O que mais gosto no Brasil são as praias. Quando estive aqui pela primeira vez, em abril deste ano, nadei em Copacabana e gostei muito ? conta o colombiano.

Até hoje, a Colômbia conquistou apenas seis medalhas em Paralimpíadas. Depois de uma medalha de bronze e o ouro de Mejia em 1980, o país levou uma prata e um bronze em Pequim-2008 e duas pratas em Londres-2012.

Segundo país mais populoso da América do Sul, a Colômbia aparece bem atrás do Brasil, que, só em Londres, faturou nove ouros, quatro pratas e um bronze na natação. Nas piscinas, o país já conquistou 83 medalhas, sendo 28 ouros, 27 pratas e 28 bronzes. No total, são 229 medalhas (73 ouros).