Cotidiano

O presente que caiu do céu

Ele chega de mansinho, assim, como quem não quer nada, e se insere em sua vida. Pode demorar anos para ser descoberto. Outras vezes é visto de imediato, um capricho da natureza que se explica nessa tal de química, empatia, karma, tenha lá o nome que tiver. Às vezes entra meio à francesa, como  o namorado de uma prima, vizinho, colega de classe. O tempo passa, continua passando, e ele lá está, firme e forte, mais forte do que firme, percepção essa que é apenas sua pois a pessoa está no topo de suas amizades.  Dia 20 de julho, não esqueça dele: é o dia do amigo.

Esse bálsamo, essa mística que só grandes amigos compartilham é um presente que o Arquiteto do Universo deixou que escorregasse do céu. E olha que nem sempre tem o amigo seu sangue, e se quer é seu parente, mas não raro vale por 15 deles. Às vezes passa uma vida inteira e você só conhece um, dois, com sorte três pessoas assim, amigas de verdade, amigas para hora da dor, da pobreza, do infortuito. E para gerar aquele significativo laço de amizade não basta você gostar de seu amigo:  você tem que ser admirado por ele. Não basta confiar; precisa gerar confiança e talvez seja ela, a confiança, um dos segredos do inabalável cimento que pavimenta o relacionamento construído entre aqueles que se intitulam  grandes amigos.

Amigo não é aquele que vem para a festa: ele está na cozinha com você fazendo o bolo. Amigo abre a porta da casa, lhe dá um prato de comida, uma cama quente, e depois pergunta o que você fez para ter aparecido na casa dele às três da manhã. Amigo ampara, não condena. Amigo te acompanha no hospital, no cemitério, te visita na prisão. Amigo sabe que a vida é assim mesmo, cheia de atropelos, e que sem a assistência dele você fica ainda pior, descrente, desiludido, abandonado. Amigo sabe que você precisa dele e não faz pouco caso dessa necessidade. Maridos e mulheres vem e vão: o amigo fica, e não importa com quem você vai se casar desta vez. Ele até te aconselha, “pensa bem, olha a pessoa, você mal conhece…”, mas mesmo assim, casando com aquela cobra, ele continua sendo seu amigo.

Passa o tempo, trocam as cidades e até os países. A internet facilitou nossa vida, e a do amigo que pode sempre saber de você e dele mandar notícias. Nas redes sociais, vez ou outra testemunhamos frases de afeto e gratidão que vem até de desconhecidos para esse que você achava ser seu anjo exclusivo, o seu amigo.

No dia do amigo, percamos alguns segundos no teclado dos celulares para agradecer a estas singulares pessoas que trazem mais sentido à nossa vida.  

E a você, Larissa, meu mais profundo reconhecimento pelos momentos de serenidade, apoio e distração que só você tem o talento de me proporcionar.

De repente, cresce a confiança, os segredos, os compartilhamentos.