Esportes

O dia do adeus da pioneira Daniele Hypólito

Daniele Hypolito desceu da trave, caminhou até o banco, vestiu a roupa por cima do collant, calçou o tênis e descansou. Despedia-se, naquele instante, da sensação de competir nos Jogos Olímpicos. Aos 31 anos, após cinco participações (Sydney, Atenas, Pequim, Londres e Rio), a ginasta já decidiu que não vai mais enfrentar um ciclo completo. Caso não mude de planos, a carreira de atleta vai terminar no fim de 2017. Ginástica 09-08

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? Só não me façam chorar, por favor. Estou me segurando até agora ? pediu, ao chegar para conversar com jornalistas, já prevendo as perguntas sobre a despedida.

Daniele deu adeus na Arena Olímpica quase lotada, na cidade que escolheu para viver e treinar ? paulista de Santo André (SP), recentemente, voltou ao Flamengo. A última apresentação em uma edição de Olimpíada rendeu uma nota 14.133, apenas um pouco abaixo do 14.266 da fase de classificação, no domingo. A carreira vai terminar sem uma ida ao pódio nos Jogos, mas com a primeira medalha da ginástica artística brasileira em mundiais: a prata no solo em 2001, no torneio realizado em Ghent, na Bélgica.

? O atleta sempre sente a falta de ser coroado com uma medalha na Olimpíada. Eu me sinto coroada por ser uma desbravadora e ajudar a ginástica a chegar ao nível que está hoje. Abrimos portas para gerações futuras ? afirmou. Os recordes olímpicos quebrados no Rio-2016

Depois de Daniele, vieram Diego Hypolito, o irmão, bicampeão mundial no solo; Daiane dos Santos, também campeã do mundo no solo; Arthur Zanetti, campeão olímpico nas argolas. Convocada para a seleção pela primeira vez em 1996, ela estava presente na primeira vez em que a equipe completa se classificou para uma Olimpíada, em Atenas-2004. Participou também da primeira classificação para uma final olímpica, quatro anos depois, em Pequim.

PASSAGEM DE BASTÃO

Passou por Londres, quando o conjunto não foi às finais, e está no Rio, quando as equipes masculina e feminina foram às fases decisivas, e o Brasil chegou a ter 11 chances de medalha ? algumas já encerradas, outras ainda no radar. No sábado, após a passagem que deixou o Brasil em quinto e garantiu a vaga na decisão por equipes, Daniele classificou o momento como a ?finalização de um ciclo?. Alguns minutos antes, havia caído durante a apresentação no solo. Ouviu gritos de incentivo e, na saída do tablado, pediu desculpas. Nem precisava. Nesta terça-feira, pôs o público na lista de agradecimentos.

? Só tenho a agradecer. Às pessoas que me acompanharam todos esses anos, aos patrocinadores que acreditaram a mim, a todo o carinho do povo brasileiro, as mensagens lindas que recebi, de força e carinho, à minha família… ? enumerou. Infográficos Especiais – GINÁSTICA

De protagonista na seleção durante um período da carreira, Daniele viu os holofotes se direcionarem para Flávia Saraiva e Rebeca Andrade. As duas ainda vão disputar finais: Flávia na trave, e Rebeca no individual geral. Daniele nunca se classificou para uma final individual em Olimpíada.

? Tenho certeza que essa geração vem para ficar muito tempo e trazer mais resultados para o Brasil. Vou torcer para que elas permaneçam firmes e fortes ? disse.

Nos próximos dias, Daniele vai torcer para as duas companheiras de equipe ainda na disputa e para o irmão, que vai brigar por uma medalha no solo. Para 2017, espera um ano ?tranquilo?. Quer terminar a faculdade de marketing e, mais do que isso, ainda não sabe.

? Vou começar trabalhando com algumas outras coisas, treinando e já fazendo essa transição de carreira até o final do ano que vem. Posso ir para a próxima Olimpíada de uma outra maneira ? contou.