Cotidiano

Novo secretário Nacional de Cultura promete resgatar dignidade do setor

2014 696989240-2014 690534983-2014021911317.jpg_20140219.jpg_20140313.jpgBRASÍLIA – Ao apresentar o novo secretário de Cultura, Marcelo Calero, o ministro da Educação, Mendonça Filho, disse que a extinção do Ministério da Cultura não significará prejuízo para o setor cultural. Ele argumentou que o ministério teve uma perda de 25% no orçamento deste ano com relação ao ano passado e que o orçamento de 2016, de R$ 2,5 bilhões, tem uma parcela significativa, R$ 1,8 bilhão, comprometido com restos a pagar do ano passado. Segundo ele, o presidente interino Michel Temer se comprometeu em recuperar essa perda do orçamento para a Cultura e ampliá-lo em 2017. Links Ocupação

Mendonça Filho apontou ainda que muitos produtores culturais não estão recebendo dinheiro de contratos firmados por meio de editais publicados pelo antigo Ministério da Cultura. Diplomata, Calelo afirmou que irá revalorizar os produtores culturais e artistas do país.

? Vamos tratar de resgatar a dignidade dos fazedores de cultura deste país ? disse Calero, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto

O presidente interino, Michel Temer, não cedeu às pressões para voltar atrás em sua decisão de extinguir o Ministério da Cultura. Também não aceitou as ideias de tornar a secretaria da Cultura um órgão vinculado à Presidência ou à Casa Civil. O diplomata de 33 anos ocupou em janeiro de 2015 a Secretaria de Cultura do município do Rio, após trabalhar como presidente do Comitê Rio450.

Formado em Direito pela Uerj, Calero começou a carreira jurídica numa empresa de telefonia móvel. Em 2005, assumiu o primeiro cargo público, na Comissão de Valores Mobiliários (CMV), indo para a Petrobras no ano seguinte. Em 2007, passou a se dedicar à carreira diplomática e atuou no Departamento de Energia do Itamaraty e na Embaixada do Brasil no México. Ingressou, em 2013, na Prefeitura do Rio, onde trabalhou na assessoria internacional até presidir o Comitê Rio 450.

O cargo de secretário de Cultura (seja no MEC ou ligado à Casa Civil) se tornou uma das maiores dores de cabeça do governo Temer, após fortes reações do meio contra a extinção do Ministério da Cultura, transformado em uma secretaria do Ministério da Educação como parte da reestruturação do novo governo. Além disso, as críticas ao ministério formado apenas por homens levou a procura de uma mulher para ocupar o cargo de secretária de Cultura. O convite, no entanto, já teria sido negado por pelo menos cinco mulheres: Marília Gabriela, Adriana Rattes, Cláudia Leitão, Eliane Costa e Bruna Lombardi.

A princípio, a Secretaria ficaria vinculada ao PPS. Nomes do partido, como Roberto Freire e Stepan Nercessian, haviam sido cogitados para ocupar a pasta. Depois que a nova administração recebeu críticas por não ter nenhuma mulher entre os ministros, achar uma “representante do mundo feminino”, nas palavras de Temer, passou ser encarado como uma das prioridades. Artistas e produtores reagem ao fim do Ministério da Cultura

Cláudia Leitão, ex-secretária de Cultura do Ceará entre 2003 e 2006, foi ao Facebook expor a negativa: “Respondi com um sonoro ‘não’! Espero que nenhuma mulher aceite esse convite e dessa forma não contribua para a transfiguração do MinC num apêndice do MEC”, escreveu.

Eliane Costa, Consultora de projetos culturais e coordenadora de curso de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas, também usou a rede social para se manifestar. “Acabo de ser sondada para a tal Secretaria de Cultura que pretende substituir o Ministério da Cultura. Como a sondagem foi feita por pessoa do meio cultural por quem eu tenho respeito, não pude me aprofundar na resposta. Disse apenas que não trabalho pra governo golpista”, disse.

OCUPAÇÕES

Ativistas ocupam equipamentos culturais ligados ao antigo Ministério da Cultura (MinC) em, pelo menos, nove capitais brasileiras. Eles protestam contra a extinção da pasta e a criação do Ministério da Educação e Cultura, planejadas pelo governo interino de Michel Temer. Além de Rio, Brasília, São Paulo, Belo Horzizonte, Curitiba, Aracaju, Recife, Fortaleza e Salvador recebem manifestações.