Cotidiano

Novo diretor do MAC quer criar modelo de gestão independente

64943624_SC Rio de Janeiro RJ 17-02-201 Marcelo Velloso novo diretor do MAC. Foto Monica Imbuzei.jpgRIO ? Quando o astro inglês David Bowie esteve em turnê pela última vez no Brasil, em 1997, teve apenas um dia de folga ? e entre tantos possíveis passeios no Rio de Janeiro, onde ficou hospedado, fez questão de conhecer o Museu de Arte Contemporânea de Niterói. Quando o Rio de Janeiro foi anunciado como sede da Copa do Mundo de 2014, o jornal espanhol ?El País? ilustrou a notícia… com uma foto da instituição fluminense. Não são poucos os exemplos que provam que o MAC é um dos museus brasileiros mais conhecidos no exterior. Mas basta conversar com os frequentadores do seu pátio, que funciona como uma praça pública da cidade, para notar que tanta fama não vai muito além do cenário: são poucos os visitantes que tiram selfies no seu entorno que entendem exatamente a proposta artística do espaço. Artes visuais – 19.2

É justamente este nó que o novo diretor do MAC, Marcelo Velloso, 39 anos, quer desfazer. Ex-superintendente de Cultura, Turismo e Lazer da Autoridade Pública Olímpica (APO), Velloso substitui Luiz Guilherme Vergara, que estava no cargo desde 2013, a convite do secretário municipal de Cultura da cidade, Marcos Gomes.

? É um grande ícone de Niterói, do Brasil, mas nem todo mundo sabe o que faz um museu de arte contemporânea, ou conhece o acervo maravilhoso que a gente tem ? diz Velloso. ? É difícil competir com a imagem de seu exterior, aquele cenário deslumbrante onde o mundo todo vem tirar fotos. Não por acaso, é um dos museus mais fotografados do mundo, e em diversas vezes na sua trajetória foi a instituição mais visitada do Estado do Rio. A imagem do MAC supera o próprio MAC. O desafio é: como fazer com que o público interaja mais com o próprio museu? É importante saber como ele pode ser mais presente, para além da forma.

Para fazer isso, explica Velloso, será preciso desvincular o MAC da Fundação de Artes de Niterói (FAN), dando autonomia à instituição. Ele não descarta o aluguel do espaço para grandes eventos, alegando que o museu precisa sobreviver:

? Se isso puder ajudar o museu, não vejo problema na locação do espaço para um evento episódico, uma atividade que não afete a programação. Mas antes é fundamental que o MAC tenha um novo modelo de gestão. O fato de ser um órgão público, vinculado à Fundação de Artes de Niterói (FAN), torna tudo muito burocrático. São as dificuldades inerentes à gestão pública. Mas é preciso manter o acesso público ? reforça ele, lembrando que o exemplo de gestão do Museu Imperial pode ser um exemplo (federal, a instituição tem uma associação de amigos do museu bastante forte e participativa, segundo ele).

CONVITE A PABLO LEÓN DE LA BARRA

Formado em Produção Cultural na Universidade Federal Fluminense (UFF), onde também deu aulas, com especialização no Observatório de Políticas Culturais de Grenoble, na França, o niteroiense Marcelo Velloso já trabalhou na Unesco e na Secretaria de Cultura de Niterói. Também foi coordenador do Sistema Nacional de Cultura, do MinC, onde exerceu o cargo de chefe de representação do gabinete no Rio e no Espírito Santo, até chegar à Superintendência de Cultura, Turismo e Lazer da Autoridade Pública Olímpica. Velloso sempre atuou na área de artes visuais, mesmo no projeto paralelo do qual participou ao longo dos últimos anos, o Barraco Maravilha, que funcionava na Lapa e produzia exposições de artistas independentes.

Para assumir a curadoria do MAC, ele convidou o mexicano Pablo León de la Barra, 46 anos, um dos curadores mais influentes de sua geração, que já esteve à frente da Casa França-Brasil e foi curador de arte latino-americana do Guggenheim, em Nova York, além de ter atuado em instituições de Buenos Aires, Zurique, Genebra e Madri. O trâmite, no entanto, ainda não foi totalmente acertado:

? O meu objetivo é ter um museu mais atualizado, mais conectado aos outros museus do Rio, já que, até mesmo fisicamente, o MAC é um grande farol. É importante firmar com um curador que circule, que tenha boa conexão internacional ? diz Velloso. ? A ideia é consolidar o papel do MAC como um espaço de intercâmbio. Queremos manter sempre parte da coleção em exposição, reformar o conselho do museu e estabelecer uma boa programação.