Cotidiano

Novo delator indicou pagamento de propinas à cúpula do PMDB, diz 'Veja'

SÃO PAULO – Felipe Rocha Parente é mais um delator na Operação Lava-Jato. O homem da mala do PMDB, responsável pela entrega de dinheiro em espécie de propinas da Transpetro, subsidiária da Petrobras, em depoimentos, citou nomes, lugares e circunstâncias da entrega de dinheiro aos caciques do partido do Senado.

Segundo reportagem da revista “Veja”, feita com base em despacho sigiloso do ministro Teori Zavascki, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), teria recebido entre 2004 e 2014 R$ 32 milhões em propinas da Transpetro, dos quais recebeu R$ 8 milhões em depósitos feitos para a sigla e o restante entregue em dinheiro vivo. A revista afirma que, inicialmente, Renan Calheiros recebeu percentual de contratos firmados pela Transpetro, como ocorria na Petrobras. Depois, optou pelo valor fixo de R$ 300 mil mensais.

A delação de Parente teria pontos coincidentes com depoimentos de outro delator, Sérgio Machado, que foi presidente da Transpetro e foi indicado para o posto por Calheiros. Machado presidiu a empresa de 2003 a 2015 e também fez acordo de delação premiada.

Parente teria detalhado ainda entregas a Jader Barbalho. Teria relatado ter entregado”encomenda” a uma pessoa identificada como Iara. Os investigadores chegaram a Iara Jonas, funcionária de confiança de Barbalho. A Procuradoria Geral da República pediu quebra do sigilo bancário de Iara, negada pelo ministroTeori Zavascki e a revista afirma ter dito acesso a este despacho.
A revista afirma que, em sua delação, Sérgio Machado afirmou que Jader Barbalho teria recebido R$ 4,2 milhões, dos quais R$ 3 milhões em espécie.
“Veja” afirma que os investigadores estão cruzando as informações das delações de Machado e de Parente. Segundo a revista, o ex-presidente José Sarney, eleito senador pelo Amapá, teria recebido R$ 18,5 milhões entre 2006 e 2014, dos quais R$ 16,2 milhões em espécie. Romero Jucá, R$ 21 milhões. O senador ValdirRaupp, R$ 850 mil.
A revista afirma que a família Machado pagava as despesas de Parente com advogados até meses atrás.
A reportagem afirma que Parente foi procurado, mas não quis falar. Os políticos citados negam ter recebido dinheiro das mãos dele. Sarney disse que não conhece Felipe Parente e que Sérgio Machado “não teria coragem de falar isso comigo”.
Renan Calheiros disse que não conhece Parente e que a chance de encontrarem qualquer impropriedade nas contas dele, eleitorais ou pessoais, é zero. “Nunca autorizei ou credenciei quem quer que seja a falar em meu nome, seja onde for”, disse o senador à revista.
Jucá, Barbalho e Raupp também negaram as acusações e garantiram desconhecer Parente.