Saúde

Novo alerta sobre cuidados com nova onda na Europa e ‘Omicron’

As últimas duas semanas epidemiológicas (SE) pesquisadas pelo boletim, no período de 7 a 20 deste mês, mostram que os indicadores de transmissão da covid-19 continuam em queda no país

Novo alerta sobre cuidados com  nova onda na Europa e ‘Omicron’

Rio de Janeiro – Pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) reafirmaram sexta-feira (26) a importância dos cuidados com a nova onda de transmissão da Covid-19 na Europa. “O alerta é importante para a América do Sul, que vive um momento de baixa transmissão. O recomendado seria manter bom controle sanitário dos viajantes e prever a restrição de entradas, seja pela exigência de passaporte de vacinação, seja de testes negativos, conforme o que já vem sendo feito por vários outros países”, destaca a edição do Boletim do Observatório Covid-19, divulgado pela Fiocruz.

As últimas duas semanas epidemiológicas (SE) pesquisadas pelo boletim, no período de 7 a 20 deste mês, mostram que os indicadores de transmissão da covid-19 continuam em queda no país. A média diária notificada ao longo da SE 45 e da 46 ficou em 9,8 mil casos confirmados e 230 óbitos por covid-19. Os valores representam a redução do número de casos registrados (-1% ao dia) e do número de óbitos (-1,2% ao dia).

Apesar da queda, os pesquisadores alertam para a necessidade de cuidados nas festas de fim de ano. “É quando pode haver decisões relevantes quanto à flexibilização de algumas medidas que, equivocadamente, poderiam estar apoiadas em dados de notificação com atrasos ou sujeitos a represamento e/ou não disponibilizados de modo oportuno”, afirmam os pesquisadores no boletim.

No mesmo período pesquisado, o boletim registra “ligeiro aumento” no número dos casos de síndrome respiratórias aguda grave (SRAG), que subiu de 2,7 por 100 mil habitantes para 2,8 casos por 100 mil habitantes. As pesquisas nas últimas cinco semanas mostram oscilação entre 2 a 3 casos de SRAG para cada 100 mil habitantes.

As internações de adultos em leitos de unidade UTI por Covid-19 no SUS estão em níveis baixos em quase todo o país. A exceção é o Pará, que se juntou a Rondônia e passou para a zona de alerta intermediário, em torno de 125 leitos. Entre as capitais, destacam-se as elevadas taxas observadas em Porto Velho (87%), Fortaleza (94%) e Brasília (84%), com respectivamente 30, 18 e 37 leitos disponíveis no dia 22.

 

Reflexo no Brasil

Diretor da Fiocruz em São Paulo, Rodrigo Stabeli reforça que é importante olhar o que está acontecendo na Europa porque normalmente o que ocorre por lá tem ditado o ritmo da pandemia no Brsail. Desse modo, ele enxerga que é “natural” que o Brasil passe por uma terceira onda, principalmente por conta da globalização e das medidas de flexibilização que estão acontecendo no País. A principal diferença é o desfecho dos casos, que pode ser mais positivo com o avanço da vacinação e a manutenção da campanha com doses adicionais.

“Em países com a população mais vacinada, como Portugal, Inglaterra e Alemanha, já se vê uma nova onda caracterizada de síndromes leves. A gente vê ainda baixos índices de hospitalização e mortes”, explica Stabeli. “Quando olhamos para Rússia, Áustria e países que têm dificuldade na vacinação, vemos uma onda já caracterizada com alto índice de hospitalização e óbitos.”

Segundo o diretor da Fiocruz, o Brasil “sempre teve alta transmissão”. Porém, com a imunização, passou-se a ter também baixos índices de hospitalização e de mortes.

 

Restrições

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou nesta sexta-feira uma nota técnica em que recomenda ao governo brasileiro medidas de restrição para voos e viajantes procedentes da África do Sul, de Botsuana, de Eswatini, do Lesoto, da Namíbia e do Zimbábue. A decisão foi tomada diante do registro de uma nova variante do Sars-CoV-2 identificada como B.1.1.529, a “Omicron – Variante d Preocupação”.

Ainda segundo o documento, países como Itália, Alemanha e Reino Unido já começaram a adotar medidas de restrição de trânsito de viajantes provenientes dessas regiões. Autoridades da Comissão Europeia também indicam que, em coordenação com os estados-membros, pretendem adotar restrições em todo o bloco.

 

Omicron, a “Variante de Preocupação”

A OMS (Organização Mundial da Saúde) batizou a nova variante do SARS-CoV-2 identificada no continente africano como Omicron e classificou a cepa como uma Variante de Preocupação. De acordo com a entidade, a decisão foi tomada por conta da grande quantidade de mutações apresentada pela variante, sendo que algumas delas apresentam “características preocupantes”.

“Neste momento, há muitos estudos em andamento e muito trabalho na África do Sul e em outros países para que se possa caracterizar melhor a variante em termos de transmissibilidade, severidade e qualquer tipo de impacto em medidas de combate, como o uso de kits diagnósticos, terapias e vacinas”, informou a líder técnica de resposta à Covid-19 da OMS, Maria Van Kerkhove.