Cotidiano

Novo advogado de Rocha Loures diz que é contra delação, mas não descarta acordo

RIO – O deputado federal Rodrigo da Rocha Loures (PMDB-PR), afastado pelo ministro Edson Fachin, após denúncia feita em delação da JBS, já tem um novo advogado. Nesta segunda-feira, José Luís de Oliveira Lima decidiu deixar a defesa do parlamentar, alegando uma decisão de "foro pessoal". O novo defensor, Cezar Roberto Bitencourt, diz que é contra a delação premiada, mas não descarta caso seja de interesse do cliinte.

– Agora é algo que eu descarto 100%. Sou radicalmente contra isso. Acho uma imoralidade, uma violência. Sou contra a metodologia, a forma como vem sendo feita a Lava-Jato. Descarto a delação 100%, pelo menos pelos próximos meses. Temos provas técnicas e argumentos jurídicos para defendê-lo – disse Cezar Bitencourt.

Apesar do posicionamento sobre as delações feitas diversas vezes ao longo da Operação Lava-Jato, Cezar Bitencourt afirmou que não pode descartar uma negociação, caso seja uma vontade de Rocha Loures.

– Embora eu seja radicalmente contra, não posso privá-lo disso. Mas será o último recurso. Não conversei com ele ainda. Amanhã teremos nosso primeiro encontro. Eu preciso conhecer melhor o caso, ver os elementos. Mas, nesse primeiro momento, minha primeira estratégia é, sim, afastar a possibilidade de delação – finalizou.

Em uma ação controlada filmada pela Polícia Federal, Rodrigo Rocha Loures foi flagrado no dia 28 de abril saindo com uma mala com R$ 500 mil de um estacionamento de uma pizzaria de São Paulo. A mala foi entregue a ele por Ricardo Saud, diretor da JBS, que fechou acordo de delação premiada.

No dia 23, os advogados de Rocha Loures devolveram a mala na sede da PF em São Paulo com R$ 465 mil. Os outros R$ 35 mil foram depositados judicialmente depois.

Loures retornou ao Brasil no dia 29. Ele estava em Nova York, nos Estados Unidos, quando O GLOBO divulgou com exclusividade a delação dos donos da JBS. Ele desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, dois dias depois sob gritos de “ladrão”. Quando estourou a delação da JBS, o deputado disse que voltaria ao país para prestar os devidos esclarecimentos. Ao chegar, afirmou que esclareceria a história “no momento adequado”. Até agora não deu uma versão para o recebimento da mala com R$ 500 mil.