Cotidiano

Nova ministra dos Direitos Humanos não foi consultada sobre cargo

BRASÍLIA – A minirreforma ministerial, que garantiu foro privilegiado a Moreira Franco, citado na Lava Jato e um dos principais conselheiros do presidente Michel Temer, pegou de surpresa Luislinda Valois, empossada na mesma cerimônia nesta sexta-feira como ministra dos Direitos Humanos. Ela disse ao GLOBO que não havia sequer sido sondada para o cargo e recebeu a notícia com alegria por assessores próximos, na noite de ontem, por volta das 19h – após o anúncio dos novos ministros ter sido feito pelo porta-voz da Presidência, Alexandre Parola.

A nova ministra estava em Porto Alegre cuidando, como secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da implantação do Plano Nacional de Segurança quando foi alertada pelos auxiliares. Ligou para o filho, que é promotor de Justiça, ainda surpresa. Luislinda disse que não foi consultada, mas que jamais se negaria a assumir o posto, no qual pretende dar prioridade a temas relacionados aos idosos, adolescentes infratores e comunidade LGBT, entre outros grupos.

? Eu não diria ‘não’. Não costumo fugir dos desafios.

Sobre os temas a serem priorizados, a nova ministra incluiu LGBTs, criticando o fato de quererem excluí-los da vida social:

? Seriam (os temas prioritários) idosos, crianças em situação de débito com a Justiça, mulheres encarceradas, LGBTs, que todo mundo quer excluir este povo não sei o porquê. Nós não somos donos de ninguém. E também os refugiados ? completou.

Questionada se terá espaço para políticas LGBT em um governo percebido como conservador, Luislinda disse acreditar que não haverá resistências e elogiou a receptividade de Temer e do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, a quem era subordinada até ontem como titular da secretaria de Políticas para Promoção da Igualdade Racial:

? Tenho todo o espaço, não sei se é pela minha ousadia. Mas todos os projetos que tenho levado ao ministro da Justiça e ao presidente da República têm sido aprovados de pronto.