Cotidiano

Nova droga reduz sintomas de câncer terminal na cabeça e no pescoço

RIO ?Um novo medicamento está sendo apontado como um divisor de águas no tratamento de pacientes em estágio terminal de câncer recorrente metastático na cabeça e pescoço. Pela primeira vez, uma droga foi capaz de reduzir os sintomas da doença e manter o funcionamento do organismo, além de prolongar a sobrevida. Os estudos com o nivolumab estão em fase 3, o último antes do licenciamento para o mercado.

O estudo CheckMate 141 é conduzido com 361 pacientes com câncer recorrente metastático na cabeça e no pescoço. Uma parte dos pacientes recebeu o nivolumab, uma droga imunoterápica, enquanto o grupo de controle foi tratado com quimioterapia. Em média, a sobrevida dos que receberam a nova droga foi 2,5 meses superior. Após um ano de tratamento, 36% dos pacientes que receberam o medicamento estavam vivos, contra 17% dos que receberam a quimioterapia.

? O nivolumab não apenas prolonga a vida, mas o faz enquanto mantém a função e reduz os sintomas em comparação com o padrão de tratamento quimioterápico ? disse Kevin Harrington, professor do Instituto de Pesquisa sobre o Câncer, em Londres, e líder do estudo apresentado neste domingo no Congresso ESMO (European Society for Medical Oncology) 2016. ? Nós precisamos escavar os dados para entender a razão desses achados.

Os tratamentos imunoterápicos consistem na estimulação para que o sistema imunológico ataque as células cancerígenas.

A análise considerou 129 pacientes que completaram questionários no início do tratamento, e nove e 15 semanas depois. As perguntas cobriram áreas como habilidade física para manter a atividade normal (incluindo o trabalho) e bem estar emocional, cognitivo e social. Eles também foram questionados sobre sintomas como fadiga, náusea e dificuldade para respirar. Uma nota geral foi calculada, como indicador de saúde.

Para os pacientes que receberam nivolumab, tanto as funções como os sintomas melhoraram na nona e na 15ª semana em relação ao início do tratamento, enquanto os que se submeteram à quimioterapia tiveram notas piores em todas as áreas. Quando comparadas as notas entre os dois tratamentos, os pesquisadores encontraram para a maior parte das áreas de funções e sintomas ?benefícios clínicos significativos? do nivolumab sobre a quimioterapia.

? Nós estamos acostumados com a noção de que para ter ganho, é preciso ter dor, então devemos perguntar aos pacientes para aceitar mais toxicidade para ter melhores resultados ? disse Harrington. ? Mas a imunoterapia com nivolumab dá mais sobrevida e permite aos pacientes funcionar no trabalho e socialmente, e experimentar menos dor e fadiga que com a quimioterapia.

Sandrine Faivre, médica oncologista no Hospital Universitário Beaujon, na França, destaca que o estudo analisou sintomas e qualidade de vida em vários questionários, incluindo um específico para pacientes com esses tipos de tumores, que provocam consequências particulares, como dores extremas e dificuldade para alimentação e fala.

? Este é o primeiro estudo a mostram que uma imunoterapia é superior às opções clássicas de tratamento por melhorar a qualidade de vida e os sintomas, além de prolongar a sobrevivência ? disse Sandrine. ? Agora eu posso explicar aos meus pacientes que o nivolumab pode ajudá-los a sentir e funcionar melhor no dia a dia.

Entretanto, os resultados mostram que nova droga mostra bons resultados em cerca de um terço dos pacientes. É preciso critérios para identificar os pacientes com maior probabilidade de alcançar benefícios deste tratamento, para evitar efeitos colaterais e custos desnecessários.