Cotidiano

Nova cena jazz de Los Angeles serviu de inspiração para diretor de 'La la land'

Links La La LandLOS ANGELES ? Em ?La la land?, o Sebastian de Ryan Gosling sonha em reabrir uma casa de jazz em Los Angeles transformada em restaurante de tapas com apresentações de samba – ?eles poderiam pelo menos ter se concentrado em uma cultura só?, alfineta o personagem. A ideia foi inspirada no movimento cultural que explodiu no south side da segunda maior cidade americana, o renascimento do jazz na costa oeste.

O marco principal foi a gravação de ?To pimp a butterfly?, disco do rapper local Kendrick Lamar. Lançado em 2015 e elogiado pela crítica, o trabalho mesclava, entre outros ritmos, o hip-hop com o new jazz do baixista Stephen “Thundercat” Bruner e do saxofonista Kamasi Washington, líder da banda Next Step. Este último passou, como alguns de seus pares, por projetos musicais voltados para jovens carentes na cidade, como a Multi School Jazz Band de Reggie Andrews.

A new fusion angelena tem ainda representantes oriundos do coletivo West Coast Get Down, como Isaac Smith, Corey Hogan e Terrace Martin, que apareceram em trabalhos recentes do também local Flying Lotus (sobrinho de Alice Coltrane) e de nomes tão diversos quanto Snoop Dogg, Erykah Badu, Suicidal Tendencies, Raphael Saadiq, Lauryn Hill, Stanley Clarke, Herbie Hancock e Chaka Khan. Um dos nomes mais promissores do grupo, o pianista Austin Peralta, morreu em 2012 aos 22 anos, mas é cultuado por colegas e fãs. Todos inspiraram David Bowie a encontrar uma contrapartida em Nova York com a cozinha de jazz da Costa Leste usada em seu derradeiro projeto, ?Blackstar?.

Em ?La la land? Sebastian sai em turnê com o personagem do músico John Legend, um dos produtores do filme, e trava um debate sobre o futuro do jazz. Gosling vive o purista, Legend o artista que só vê uma maneira de o gênero sobreviver: mutante, absorvendo características da música urbana contemporânea.

Para os críticos, o mais interessante da nova cena, inspiração para o diretor Chazelle, é o fato de os californianos partirem do fusion de Miles Davis, Roy Ayers, George Benson & cia. para elaborar um som radicalmente novo, mesclado ao r&b contemporâneo, o hip-hop e até o pop mais elaborado, trilha sonora real da lalalândia contemporânea.