Cotidiano

Nos tempos que a Vespa zumbia em Santa Cruz

Panauto.jpgRIO ? Entre a segunda metade anos 40 e o fim da década de 50, a Panauto S.A. era a importadora e distribuidora exclusiva dos carros da Simca no Brasil. Contudo, quando a marca francesa decidiu fabricar automóveis por aqui, sua antiga representante achou que era hora de mudar de ramo, passando para o mundo das duas rodas.

De carona na febre das motonetas, que vivia seu auge naquele 1958, a Panauto decidiu montar a Vespa no Brasil. Projetada na Itália, era rival da conterrânea Lambretta, que já fazia um tremendo sucesso por aqui.

A ideia deu tão certo que, em 6 de agosto de 1960, O GLOBO publicava a notícia de que a Panauto já não dava conta dos pedidos de Vespa e assinara um contrato para construir os novos prédios de seu parque industrial no bairro de Santa Cruz, na Guanabara.

Em 31 de dezembro de 1960, Mauro Salles relatava na coluna Automóveis e Aviões: ?O governador Carlos Lacerda visitou em Santa Cruz as instalações da Panauto. (…) Andou de Vespa e os jornais divulgaram o fato afirmando que o governador andara de lambreta. Assim mesmo, com ?L? minúsculo. Os homens da Vespa protestaram. (…) O interessante é que na Itália, terra da Vespa, quem luta com o problema é a Lambretta, que nasceu depois e nunca conseguiu o mesmo prestígio da fábrica da Piaggio. Para o homem de Roma, tôda Lambretta é ?vespa?…?

Confusões etimológicas à parte, a Panauto fez sucesso com a Vespa e o triciclo de entregas Vespacar. O negócio, porém, não durou: em 12 de dezembro de 1963, uma nota no GLOBO anunciava o pedido de concordata da empresa, ?acusando um passivo de um bilhão de cruzeiros?. A produção foi encerrada. Hoje, a outrora bela fábrica da Avenida Antares, em Santa Cruz, é uma ruína tomada pelo mato.