Cotidiano

Nos EUA, adolescentes escapam das aulas para protestar contra Trump

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SEATTLE, EUA ? Eles são jovens demais para votar. Mas isso não impediu que saíssem às ruas para protestar contra a retórica anti-imigração do presidente eleito dos EUA, Donald Trump. De Seattle a Maryland, milhares de alunos do ensino médio decidiram se manifestar após a eleição do republicano, cujos comentários em linguagem vulgar sobre as mulheres também não agradaram nem um pouco, sobretudo, a esta geração. Para analistas políticos, este pode ser o primeiro passo de um período de elevada participação política entre os mais jovens, o que hoje não é comum no país.

Em Los Angeles, a estudante Yaocihuatl Reyes deixou a sala de aula ao lado de centenas de estudantes para protestar em Los Angeles. A sua família vive ilegalmente nos EUA e nunca havia estado em um evento político até o início do ano, quando foi a uma manifestação em favor do senador e então pré-candidato democrata à Presidência dos EUA, Bernie Sanders.

? Só queríamos dizer à nossa comunidade que estamos aqui com eles e também estamos assustados. Mas não vamos nos dar por vencidos ? disse a jovem. ? Esta escapada da escola foi como unidade, para unirmos uns aos outros.

Do outro lado do espectro político, estudantes também realizaram marchas de apoio a Trump, embora em quantidades menores.

Enquanto a participação dos jovens na política é baixa nos EUA, analistas dizem que este pode ser o sinal de uma mudança no país. Para os analistas, o engajamento demonstrado nestas manifestações poderia contribuir para que estes jovens, quando forem adultos, sejam mais envolvidos com o ativismo.

? A eleição realmente promoveu em muitas o sentimento de que ficar em silêncio é ser cúmplice. Estamos vendo um aumento tremendo de participação ? explicou Jennifer Earl, professora de sociologia na Universidade do Arizona, que estuda os movimentos sociais e a internet.

A chamada geração dos millennials (jovens adultos, de 18 a 30 anos) é atualmente a mais diversa geração que os EUA já tiveram em termos étnicos, de acordo com o Pew Research Center. Quase metade dos integrantes desta geração se identificam como politicamente independentes, superando também as gerações prévias.