Saúde

No Paraná, 852 profissionais de saúde vão testar a vacina chinesa

As inscrições estão abertas no site do Instituto Butantan

No Paraná, 852 profissionais de saúde vão testar a vacina chinesa

Curitiba – O Hospital de Clínicas da UFPR é uma das 12 instituições brasileiras que serão responsáveis pelos testes da fase 3, em humanos, da CoronaVac, uma vacina produzida na China contra o novo coronavírus entre as mais promissoras contra o novo coronavírus, em todo o mundo.

No Brasil, a pesquisa é coordenada pelo Instituto Butantan e, no HC, é liderada pela médica infectologista Sônia Raboni.

No Paraná, a vacina será testada em 852 voluntários, todos profissionais da saúde da linha de frente do combate à covid-19. As inscrições estão abertas no site do Instituto Butantan. Os testes devem começar no dia 3 de agosto e a pesquisa deve durar 16 meses. No Brasil todo, 9 mil voluntários participarão da pesquisa, que já tem o sinal verde da Anvisa.

Triagem

Os candidatos serão chamados para consulta médica, onde serão avaliadas as condições de saúde. Entre as restrições para participar da pesquisa, estão doenças imunodepressivas e doenças graves. Metade dos voluntários receberá a vacina e outra metade, placebo. Serão duas doses, sendo a segunda 14 dias após a primeira. Durante os seis meses, serão chamados para consultas e a cada dois meses farão testes para verificar se criaram anticorpos. Participam da equipe do HC nesse estudo médicos, enfermeiros e estudantes.

A parceria internacional entre Brasil e China também prevê a troca de conhecimento e tecnologia para a produção em larga escala por meio do Instituto Butantan e Sinovac, empresa chinesa responsável pela pesquisa internacional. O HC foi incluído pelo Instituto Butantan no estudo porque as duas instituições já eram parceiras em outras pesquisas. Nas duas primeiras fases, o laboratório chinês testou a vacina em aproximadamente mil voluntários do país de origem. Aplicado em animais, o produto se mostrou muito promissor.

Mais duas

A Anvisa (Agência Nacional e Vigilância Sanitária) deu aval a mais um teste para duas vacinas contra a covid-19 no Brasil.

A aprovação, publicada em edição extra do Diário Oficial da União dessa terça (21), vale para as vacinas BNT162b1 e BNT162b2, ambas em desenvolvimento pela farmacêutica norte-americana Pfizer em conjunto com a empresa alemã de biotecnologia BioNTech.

Com a nova autorização, já são três os estudos clínicos de vacina com aval para serem conduzidos no País. As outras duas imunizações testadas aqui são a desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca e a do laboratório chinês Sinovac.

Segundo a Anvisa, o estudo para análise das duas vacinas deve ser feito com inclusão de cerca de 29 mil voluntários – desses, 5 mil serão do Brasil, distribuídos em São Paulo e Bahia.

As vacinas em estudo são baseadas em RNA, que codifica um antígeno específico do novo coronavírus. O RNA é traduzido pelo organismo humano em proteínas que tentarão induzir uma resposta imunológica.

O Brasil deve participar do último estágio de testes feitos pelas duas empresas, o que, na prática, corresponde às fases 2 e 3 de estudos clínicos, quando são avaliados dados de qualidade e eficácia e é feita a definição de possíveis doses. Essas são as últimas etapas de estudo.

Segundo a Anvisa, os resultados obtidos até agora “demonstraram um perfil de segurança aceitável das vacinas candidatas”.

Dados otimistas

Na segunda (20), a BioNTech e a Pfizer anunciaram dados que mostram que a vacina é segura e induziu resposta imunológica nos pacientes.Os resultados se referem a um teste feito na Alemanha com 60 voluntários saudáveis.

No início deste mês, as empresas divulgaram dados de um teste em estágio inicial correspondente feito nos Estados Unidos.

No mesmo dia, outras empresas que pesquisam vacinas para a covid também tiveram novos dados divulgados, embora preliminares. A primeira delas foi a da vacina da Universidade de Oxford com o laboratório AstraZeneca, considerada uma das mais adiantadas na corrida por uma imunização contra a doença.

Dados publicados na revista médica Lancet apontam que a vacina experimental de Oxford é segura e produziu resposta imune no início dos ensaios clínicos em voluntários saudáveis nas fases 1 e 2. Segundo a publicação, a vacina não causou efeitos adversos graves e provocou respostas imunes de anticorpos e das células T, outras células de defesa do corpo humano.

Ainda são necessárias mais análises, porém, para confirmar o grau de eficácia e um possível tempo de duração dessa proteção.

Pazuello prevê fabricação no Brasil até janeiro

O ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, prevê que o Brasil dê início à fabricação da vacina contra a covid-19 até janeiro de 2021. A declaração foi feita durante entrevista coletiva concedida ontem (21), em Porto Alegre.

Pazuello afirmou que o Ministério da Saúde discute a transferência de recursos para a produção da vacina. “Essa contratação prevê a transferência de tecnologia e o recebimento do insumo. A previsão é de que em dezembro/janeiro já estejamos fabricando a vacina.”

Para a vacina desenvolvida por Oxford com a AstraZeneca, o governo federal acertou um protocolo de intenções que prevê a disponibilização de 30 milhões de doses até o fim do ano, e está concluindo as negociações para o pagamento e a assinatura de um acordo final que incluirá também a transferência de tecnologia para produção nacional, que deverá ser conduzida pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Brasil passa de 81 mil mortes

O Brasil registrou mais 1.367 mortes por covid-19, elevando o total de óbitos pela doença a 81.487, segundo dados divulgados nessa terça (21) pelo Ministério da Saúde. Também foram confirmados mais 41.008 casos do novo coronavírus, elevando para 2.159.654 o total de infectados. Desses, 1.465.970 (67,9%) são considerados recuperados e 612.197 (28,3%) estão em acompanhamento.

O dado do ministério não significa que todas as mortes ocorreram ontem. Os casos estavam em investigação. Há ainda cerca de 3.951 mortes em análise.

O Estado de São Paulo contabiliza 422.669 casos do novo coronavírus e 20.171 mortes. O Ceará tem 148.986 infectados pela doença e 7.284 óbitos. O Rio de Janeiro atingiu ontem 145.121 casos confirmados de covid-19 e 12.293 mortes.