Cotidiano

?No man?s sky? transforma jogador em explorador espacial

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RIO ? E se você fosse um explorador espacial diante de um vasto universo de planetas com características ambientais, vidas alienígenas e perigos diferentes? Uma das novidades mais esperadas deste ano no mundo dos games, vencedor dos prêmios de Melhor Jogo Independente e de Melhor Jogo Original, ?No man?s sky? chega hoje ao PlayStation 4 ? para PCs o lançamento é na sexta-feira ? trazendo a proposta inovadora de, praticamente, não ter fim. Isto porque, para passar um único segundo em cada um dos mais de 18 quintilhões de mundos criados pelo game, o astronauta virtual precisaria de 584 bilhões de anos, ou 42 vezes a idade estimada do universo real.

O lançamento é definido pela desenvolvedora britânica Hello Games como ?um jogo de ficção científica em uma galáxia gerada infinitamente?. Trata-se, provavelmente, do maior jogo de mundo aberto (conceito de jogo eletrônico no qual os jogadores são livres para escolher como e quando realizar os objetivos) já produzido. Esta característica torna o título um dos mais incensados, mesmo competindo com grandes novidades, como ?Battlefield 1? e ?Tom Clancy?s: The Division?. Na loja virtual Steam, para PCs, o game de ficção científica já ocupa o topo da lista de mais vendidos, apesar de a liberação para o download estar prevista só para a próxima sexta-feira.

? É um jogo bastante inovador em relação ao que existe no mercado ? avalia Marcelo Tavares, diretor executivo da Brasil Game Show, maior feira da indústria de jogos eletrônicos da América Latina. ? O título aposta na ficção científica, tema pouco explorado hoje em dia, e oferece aos jogadores, literalmente, um universo de possibilidades.

CAMINHOS SÃO DEFINIDOS POR CADA JOGADOR

?No Man?s Sky? mistura vários estilos de jogo em um só. O jogador é convidado a participar de combates espaciais contra povos alienígenas hostis e a explorar planetas habitados por espécies animais e vegetais únicas em busca de recursos. Ao longo da aventura, é possível negociar melhorias para a espaçonave e para o traje espacial. O objetivo é alcançar o centro da galáxia, mas os caminhos são definidos por cada jogador, sem missões ou fases a serem cumpridas. Mesmo assim, o título oferece um enredo que pode ou não ser explorado. Alguns planetas têm artefatos e ruínas de antigas civilizações, que vão sendo decifrados com referências a algo chamado como ?A Entidade?, que conta a história do universo fictício.

Num mercado infestado de jogos de tiro, ?No Man?s Sky? se destaca pela mecânica diferente, o que pode causar algum estranhamento. Rogério dos Santos Gomes, diretor da Associação Internacional de Desenvolvedores de Games, explica que o título se apoia na exploração e captação de recursos, como em ?Eve On-line?; tem combates espaciais, como em ?Star Citizen?; e permite a exploração e criação de itens, parecido com o fenômeno ?Minecraft?.

? O jogo promete muitas possibilidades, talvez não agrade imediatamente o jogador de shooters e combates em primeira pessoa, pois se trata primariamente de exploração de planetas e seus recursos ? diz Gomes. ? Em uma análise rápida, esse jogo é o mais próximo do que tivemos no período das grandes navegações, onde os jogadores poderão conhecer, explorar e catalogar novos planetas no atlas compartilhado do jogo.

A ideia é que cada jogador escolha livremente como deseja explorar o universo. Alguns podem seguir pelo caminho das trocas, coletando o máximo de recursos para serem vendidos, outros podem escolher a pirataria espacial. Mas para evitar que jogadores explorem em excesso os recursos dos planetas, existem sentinelas a postos para defendê-los.

? É um metaverso, um mundo virtual onde as ações dos jogadores geram resultados, muito parecido com a proposta do ?Second Life? ? opina Gomes. ? Os jogadores são livres para explorar e criar suas próprias histórias, assim não duvido que existirão piratas espaciais, grupos de bons samaritanos patrulhando sistemas e caçando malfeitores ou até pessoas desenvolvendo o comércio e criando verdadeiras instalações em planetas.

Todos compartilham do mesmo universo, mas o criador Sean Murray já deixou claro que não se trata de um jogo multiplayer. Por causa das dimensões, as chances de dois jogadores se cruzarem pelo caminho é praticamente zero. Contudo, eles são induzidos a darem nomes a estrelas, planetas, luas, faunas e floras, que serão compartilhadas num atlas comum. A cada informação coletada, o jogador receberá moedas, que serão utilizadas na aquisição de melhorias.

Desde que foi anunciado, em 2013, ?No Man?s Sky? foi visto com entusiasmo e desconfiança por jogadores ávidos por novidades. Na E3 2014, principal feira do setor, o jogo foi premiado como melhor game original e melhor game independente, mas sucessivos adiamentos levantaram rumores de que o ambicioso projeto não sairia do papel. Na última vez que o lançamento foi adiado, Murray chegou a ser ameaçado de morte por jogadores frustrados. A demora é justificada. A Hello Games é uma produtora pequena, com cerca de 15 profissionais.

É claro que os 18 quintilhões de planetas não foram criados manualmente, mas os algoritmos construtores precisaram ser alimentados com informações. E cada nova ideia produzia efeitos incontroláveis. Em entrevista à revista ?Time?, Murray contou que em algumas situações o algoritmo criou montanhas que não podiam ser escaladas ou cavernas que não podiam ser exploradas.

? É como criar algo como um som, contra algo que seja musical e prazeroso de ouvir ? disse Murray. ? No início, você efetivamente é capaz de criar o som, mas ele não necessariamente toca bem em todas as ocasiões.