Esportes

No basquete masculino, a Argentina que o Brasil gostaria de ser

Um time que tem jogadores com carreira no basquete americano, e, pela paixão que coloca em quadra, inspira respeito e cria até intimidade com os torcedores. A seleção de basquete da Argentina é tudo o que o Brasil gostaria de ser. E hoje, às 14h15m, justamente contra os arquirrivais, a geração de Nenê e Leandrinho tem a melhor e talvez a última chance de conseguir chegar perto da admiração adquirida pela ?geração dourada? argentina em seu país. Basquete11-08

Não que o Brasil tenha grandes chances de ganhar uma medalha de ouro, como nossos hermanos fizeram em Atenas-2004. Sob o comando de Rubén Magnano, hoje técnico do Brasil, nossos vizinhos se aproveitaram do espaço deixado pelo mais vacilante time americano desde 1992 e conquistou um título improvável ? e que Luis Scola, capitão do time, reconhece que é possível que nunca mais se repetirá. Quatro anos depois, eles levaram o bronze em Pequim.

Para entender a dimensão da geração argentina, basta olhar para os Jogos. O pivô Scola foi porta-bandeira no Maracanã; o ala Emanuel Ginóbili, oito anos antes.

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No Rio, uma espécie de despedida dos medalhistas ? que têm ainda os alas Andrés Nocioni e Carlos Delfino ?, o basquete é o esporte que mais carrega torcedores argentinos. Contra a Lituânia, terceiro jogo e primeira derrota da equipe, mais de cinco mil torcedores vibraram mesmo com o revés.

Não era ali apenas uma torcida que cantava por seu país. Eram íntimos de seus ídolos, chamando-os por apelidos. Para eles, Scola, de 36 anos, é Luifa; Gonóbili, de 39, Manu; Nocioni, de 36, Chapu. Mas é o mais novo da turma dourada, Carlos Delfino, de 33, chamado de cabeza pelos jogadores, que parece melhore representar os ?hinchas? (torcedores) no Rio. Após três anos sem jogar, ele foi convocado como aposta e faz um bom torneio. Com o braços, Delfino é quem comanda, com frequência, o volume na arquibancada.

? Eu me sinto (um torcedor). Nem todas as equipes têm essa possibilidade, e temos que aproveitar ? disse o jogador, que veste a camisa 10 e desconversa quando a pergunta se encaminha para uma referência a Maradona. ? Sempre é especial jogar pela Argentina, não importa o nome que está nas costas ou o número que vestimos. O importante é representar essas pessoas que nos apoiam.

SUSTO DA SÉRVIA

O mais alto que esta geração brasileira, de Nenê e Leandrinho (ambos de 33 anos), chegou foi à quinta colocação em Londres-2012 e à sexta posição no Mundial de 2014 ? quando eliminou a Argentina, que foi à competição sem Ginóbili, por 20 pontos de diferença. É justo dizer também que, nos Jogos do Rio, a seleção se aproximou da torcida, que faz força para levantar o time mesmo com a inconsistência apresentada durante as partidas. Apesar do impulso do que Nenê classificou como ?sexto jogador?, a vitória veio apenas contra a Espanha. Contra Lituânia e Croácia, a equipe encostou, mas não conseguiu virar.

Num grupo tão apertado, em que Lituânia disparou com três vitórias e Nigéria perdeu três vezes, mas Croácia (2 vitórias-1 derrotas), Argentina (2v-1), Espanha (1v-2d) e Brasil (1v-2d) estão vivos na luta por uma vaga, a geração de Nenê e Leandrinho precisará vencer seu conhecido arquirrival? responsável pela eliminação nas quartas em Londres-2012 ? para manter viva a esperança de carimbar sua marca na história da seleção.

? Eles são imprevisíveis. O Scola está fazendo três pontos como não fazia. Antes, eles não fazia um só. São caras que evoluem ? analisa Magnano, elogiando o pivô que acertou cinco de dez arremessos de três pontos nos Jogos.

Ontem, os EUA tiveram mais dificuldade do que o esperado, mas venceram a Sérvia por 94 a 91.