Cotidiano

Nippon Steel admite fim de sociedade com Ternium, mas descarta cláusula de saída

SÃO PAULO – O presidente da Nippon Steel e Sumitomo no Brasil, Hironobu Nose, admitiu nesta terça-feira que encerrar a sociedade que mantém com os ítalo-argentinos da Ternium na siderúrgica Usiminas é uma possibilidade, mas a companhia japonesa não aceita a cláusula de saída proposta por seus sócios, em que quem pagar mais fica com a parte do outro. Nose disse que a cláusula de saída poderia ser feita de várias maneiras, menos da forma proposta pela Ternium, já que obrigaria um dos sócios a pagar pela parte do outro um preço acima do que as ações valem no mercado.

– Entendemos que as duas empresas (Nippon e Ternium) gerenciam a Usiminas em conjunto. E a forma que eles propõem terminar esse gerenciamento conjunto nos parece estranha. É como um casal que se prepara para casar, mas já faz a discussão de como seria a separação – disse Nironobu Nose, que disse que uma alternativa para a cláusula de saída seria por exemplo estabelecer uma concorrência.

O presidente da Nippon afirmou que a cláusula de saída proposta pelos ítalo-argentinos poderia prejudicar a Usiminas, já que para ter o retorno desse investimento acima do valor de mercado, seria necessário submeter a siderúrgica a ‘sacrifícios’.

– Para que o retorno viesse rápido, a Usiminas teria que pagar altos dividendos, por exemplo. E, para isso, talvez fosse necessário submeter a empresa a um corte de custos além do necessário, impactando o interesse de todos os investidores – afirmou.

Embora admita a possibilidade de desmanchar a joint venture, o presidente da Nippon disse que a empresa mantém a disposição de continuar conversando com os sócios para chegar a um acordo e recuperar a Usiminas. A Nippon “já deixou muito claro que não tem a menor intenção” de sair da Usiminas.

Há dois anos japoneses e ítalo-argentinos entraram numa disputa pelo poder na Usiminas, que já foi parar na Justiça e na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão fiscalizador do mercado de capitais. Até agora, uma solução consensual parece longe de ser encontrada.

Os japoneses propuseram, em dezembro passado, como último lance para encerrar as rusgas, que seja feita uma alternância de poder. Os sócios indicariam, alternadamente, o CEO da empresa e o presidente do Conselho de Administração. A Nippon informou que o principal motivo da briga é que não existe uma regra que defina essa alternância de poder.

– Com o acordo de acionistas atual, não há dispositivo que resolva essa questão. Com a aprovação da proposta de alternância de poder, acreditamos que podemos resolver as desavenças – afirmou Nose.

Ele observou que a Nippon aceita inclusive indicar Sergio Leite para a presidência da empresa. Leite é ligado à Ternium e teve que deixar o posto em outubro passado por uma decisão da Justiça de Minas Gerais.

Por seu lado, a Ternium também recusou a proposta feita pelos japoneses. O presidente da Nippon disse, entretanto, que a empresa mantém a proposta e quer conversar com os sócios. A data da conversa, em que também seria discutida a cláusula de saída, ainda não foi marcada.