Seleção Olímpica futebolTERESÓPOLIS – Havia algumas questões no ar quando Neymar chegou a Teresópolis. Por exemplo, como lidaria com a responsabilidade de ser uma estrela de status muito superior a todos os demais jogadores do torneio olímpico. Ou como lidaria com uma comissão técnica sem um nome famoso, com experiência quase que totalmente nas divisões de base. Em sua entrevista coletiva na tarde desta terça-feira, na Granja Comary, Neymar acomodou todas estas questões.
Mas, na verdade, a grande expectativa era por seu primeiro encontro com a opinião pública do país, no ambiente da seleção brasileira, desde março. Na ocasião, suspenso das eliminatórias, desligou-se da delegação envolto em polêmica. Os cartões em excesso, a vida noturna e os resultados ruins do time geram cobranças em torno de uma suposta falta de comprometimento. Neymar se posicionou.
– Tem que começar a ver as coisas que faço em campo. O que faço a partir do momento em que estou fora de campo, é particular. Sobre os cartões, não há problema em me cobrar. Mas sou um cara de 24 anos, tenho minhas conquistas e tenho meus erros. Não sou o cara perfeito. Mas gosto de sair, me divertir, tenho família e amigos. Por que não posso sair, ir para a balada? Eu vou, mas com consciência do meu dever no dia seguinte. Ainda vou errar, sou um ser humano. Imagina você com 24 anos, tendo o que tenho, ganhando o que ganhei, você seria o mesmo que eu? – indagou Neymar, visivelmente incomodado com o tema.
Sobre o dia-a-dia na seleção olímpica, o atacante não se mostrou nem um pouco incomodado. E disse assumir a responsabilidade colocada sobre ele em relação à conquista da medalha de ouro.
– Quero meus amigos felizes e tranquilos para jogar. Qualquer cobrança ou peso eu assumo. Quero tirar esta responsabilidade das costas dos mais jovens e deixá-los tranquilos – disse Neymar.
– Não me preocupo em perder. Se há uma coisa de que não tenho medo é de perder. Se acontecer, vai ser de cabeça erguida e vou seguir em frente. Mas não gosto de perder. Vou fazer de tudo para ajudar os companheiros. Não me passa pela cabeça perder, meu pensamento é com a final no Rio de Janeiro, no Maracanã, com a medalha de ouro.
Neymar elogiou o técnico Rogério Micale.
– Não vejo nenhuma diferença para outros técnicos experientes. Está sendo uma honra trabalhar com ele. Dá para ver que vai ter um grande futuro. Estou aprendendo muito – disse Neymar. – Micale está nos levando ao caminho certo.
O craque do Barcelona admitiu que, nos primeiros dias, notava que muitos dos demais jogadores olhavam como ídolo.
– Tento deixá-los mais leves, à vontade, e colocar o ídolo do lado de fora. Aqui é o companheiro de time. No começo dá para perceber a forma como têm vergonha de falar, agora está todo mundo em casa, deixei todos tranquilos. Quero que tratem como amigo – disse Neymar.
