Cotidiano

Netanyahu oferece ministério da Defesa para ultranacionalista

JERUSALÉM – Numa mudança radical em sua política de negociações no parlamento, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, abandonou uma tentativa de acordo com os moderados e deve fazer uma nova aliança com a direita radical. Para isso, ofereceu ao ultra-nacionalista Avigdor Lieberman o cargo de ministro da Defesa.

Netanyahu está em intensas negociações para aumentar sua coalizão precária, que tem uma maioria de um voto no parlamento. Inicialmente, negociou com os centristas da União Sionista, liderada por Isaac Herzog. Mas as conversas se alongaram sem acordo. Nesta quarta-feira, o primeiro-ministro voltou atrás e agora tenta se aliar com o partido de direita radical Yisrael Beitenu (“Israel é Nosso Lar”, em hebraico).

Lieberman é uma das figuras mais polêmicas da política israelense. Ele, judeu de origem soviética, tem pouca experiência militar e já trabalhou como segurança de boate para pagar a faculdade. Parlamentar desde 1999, já foi ministro cinco vezes desde 2001. Sua administração mais polêmica foi como ministro das Relações Exteriores, de 2009 a 2012 e de 2013 até 2015.

Suas opiniões controversas incluem bombardear a represa Aswan, que fornece energia para todo o Egito, derrubar a Autoridade Palestina, estabelecer a pena de morte para terrorismo e até a transferência de cidadãos de origem árabe para os territórios palestinos.

Com os esforços de paz entre Israel e a Palestina praticamente congelados, incluir Lieberman no governo afastaria qualquer esperança de recomeçar o processo. A União Europeia e os EUA já criticam Netanyahu por se distanciar das negociações.

Críticas de ex-ministro

Por enquanto, o ex-general Moshe Yaalon é o ministro da defesa. Tanto quanto as posições políticas de Lieberman, o temperamento do parlamentar está sendo questionado.

“Eu espero que ele viva até os 120 anos, mas acho que nem assim vai chegar perto da capacidade, conhecimento e experiência que Yaalon tem. Mudanças assim não deveriam ser feitas”, disse o ex-ministro Moshe Arens à rádio do Exército.

As negociações podem ainda causar problemas para os moderados. A União Sionista, com seus 24 deputados, pode derrubar Herzog do comando: vários deputados foram contra a negociação, agora abandonada.

Na direita radical, a saída de Yaalon é muito bem-vinda. O ministro foi criticado por ultranacionalistas ao apoiar a decisão do Exército de julgar um soldado israelense que executou um palestino ferido que o havia atacado, em Março.