Cotidiano

Neta de Brizola é vice de candidato do PMDB em Porto Alegre

IMG_2079.JPGPORTO ALEGRE ? O candidato do PMDB a prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, lidera as pesquisas de intenção de voto e tem como vice na chapa Juliana Brizola, neta de Leonel Brizola. Da parte dissidente do PMDB, Melo não apoiou a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer e não quer nacionalizar a disputa na capital gaúcha. A aproximação de Melo com Juliana se deu por meio do atual prefeito, José Fortunati (PDT). Melo é vice-prefeito e se licenciou em agosto. Melo e Juliana costumam fazer eventos separados na campanha. Neste domingo, Juliana participou de uma caminhada no tradicional Brique da Redenção, uma feira que ocorre no Parque da Redenção ou Parque Farroupilha e é palco de manifestações políticas. Com 41 anos, Juliana disse que revitalizar o legado de seu avô Brizola é uma tarefa diária, inclusive dentro do PDT, partido fundado pelo ex-governador do Rio de Janeiro.

Juliana Brizola não foi a primeira escolha do PDT, mas é uma forma de revitalizar o partido e dar um ar mais jovem à campanha de Melo. A veia política fica clara na atuação de Juliana. Ao final da caminhada pelo Brique da Redenção, ela pegou um megafone e pediu que todos se empenhassem na campanha.

Juliana nasceu em Porto Alegre em 1975, e depois foi para o Uruguai, na época do exílio de Brizola. Em 2000, voltou à cidade. Ela se elegeu vereadora em 2008, sendo a mais votada do PDT. Em 2010, decidiu se candidatar deputada estadual e foi a mais votada do partido.

Juliana disse AO GLOBO que tem ?muito orgulho? de carregar o nome de Brizola, ao responder se não tinha receio que sua carreira fosse apenas lembrada pelo sobrenome. Ela e Melo foram vereadores de Porto Alegre na mesma época.

? Fui vereadora com o Melo, em 2008. E considero que a população de Porto Alegre fez uma homenagem ao meu avô, quando fui a mais votada do PDT, em 2008. Em primeiro lugar, é o resgate (do ?brizolismo?) dentro do próprio partido, que o PDT continue na linha do Brizola, mas sei que não é fácil. O partido tinha algumas divisões, mas, quando ele chegava, o partido se unificava. E hoje não temos mais isso, temos vários projetos pessoais. Mas, onde eu vou, sempre alguém para e conta uma história sobre ele.

Ela usa como plataforma justamente a Educação, marca de Brizola.

Apesar de ser do PDT, Juliana é vice numa aliança de 14 partidos, de posições diferenciadas: PMDB, PDT, PSB, PSD, PPS, DEM, PRB, PROS, REDE, PHS, PEN, PSDC, PRTB e PTN.

As rixas de PT e PDT na época de Lula e Brizola estão na memória de Juliana. Ela lembra do afastamento dos dois e ainda faz criticas à ex-presidente Dilma Rousseff. Ela foi contra o impeachment, mas diz que Dilma e o PT ?cometeram muitos pecados?.

? A orientação da direção nacional sempre foi o apoio ao governo ao qual a gente pertenceu. A campanha municipal não está muito pautada nisso. A campanha política aqui não se contaminou. Minha crítica ao PT não é a crítica feita pela direita. Minha crítica é que eles chegaram lá e não romperam as amarras que deveriam ter rompido. Se aliaram a tudo e a todos, compactuaram e deu no que deu. Particularmente sou contra o impeachment, acho que a forma como foi colocada não é legítima, mas acho que a Dilma também pecou, pecou muito quando chega lá e não faz justamente as reformas que a gente achava que ela iria fazer ? disse Juliana.

E encerra lembrando das rusgas de Brizola e Lula. O ex-governador chegou a chamar o petista de ?sapo barbudo?.

? Pensando no meu avô, lembro do enterro dele, do velório dele, quando o Lula entrou e todo mundo cantou “Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão”. E por quê? Porque o Lula demora para receber o Brizola, e diz que só quer o Miro Teixeira (deputado nomeado como ministro) ?contou ela.

Melo também não quer nacionalizar a campanha. Ele diz que não recebeu recursos do PMDB nacional.

? Não recebi um centavo ? disse Melo AO GLOBO.

Na prática, Melo tenta manter uma parceria que começou na eleição de 2004, quando José Fogaça, então no PPS, se elegeu prefeito com José Fortunati (PDT) como vice. Em 2010, Fogaça concorreu a governador já pelo PMDB e deixou a prefeitura. Fortunati, então, concorreu em 2012 e foi eleito no primeiro turno, com Melo de vice.

Melo diz que sua campanha é entrosada com Juliana, mas na página da campanha aparece apenas a sua biografia. Ele é goiano e se diz “gaúcho de coração” há 40 anos. A cúpula do PMDB não participa de sua campanha.