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NBA aumenta presença no Brasil e tenta recuperar prestígio do esporte no país

INFOCHPDPICT000061679070 A primeira imagem que um visitante tem ao chegar ao novo escritório da NBA no Brasil é uma parede com mais de uma centena de bolas, todas cheias. Ela fica logo na entrada, ao lado de uma tabela oficial, e em frente a um painel com as fotos dos nove atletas brasileiros que jogam hoje na liga de basquete americana. O espaço, inaugurado em abril, no Leblon, abriga 12 funcionários, tem estantes para expor produtos que vão de tênis a bonecos de jogadores e conta com mesas de reunião pintadas com as marcações de uma quadra.

A diferença é gigante para o espaço de quatro anos atrás, quando a NBA abriu seu primeiro escritório no Brasil. Em 2012, logo após as Olimpíadas de Londres, a maior, mais importante e mais rica associação de basquete do mundo ocupava uma salinha no Centro do Rio, a princípio com um único funcionário, Arnon de Mello, então seu diretor-executivo no país. Daquele tempo para agora, Arnon é o único elemento que restou da velha estrutura. Mas mesmo para ele as coisas mudaram bastante. Basquete 29 de setembro

– Há três meses fui promovido a vice-presidente para a América Latina. O que aconteceu é que fomos crescendo em várias áreas, de licenciamentos a presença em mídia. O escritório se estruturou bem, e o Brasil é importante para os dois vetores principais de crescimento da NBA hoje, que são o mercado internacional e a participação digital – explica Arnon.

O trabalho de Arnon inclui a primeira loja da NBA na América Latina, uma megastore de 150 metros quadrados aberta para o público a partir desta quinta-feira, no BarraShopping. Passou pela realização da Casa da NBA durante a Olimpíada do Rio, uma espécie de parque de diversões para os fãs do esporte, instalada na Zona Portuária, que recebeu 80 mil pessoas em dez dias. E tem seu principal foco no apoio a programas em mais de 70 escolas públicas de Rio e São Paulo, abrangendo 8 mil alunos.

– Nosso esforços estão em fazer com que a criança goste de basquete desde cedo – diz Arnon. – Quando entrei na NBA, achava que teríamos que construir mais quadras pelo país. Mas não precisa de nada disso, qualquer pracinha ou escola já tem uma quadra. Nosso desafio, então, é com os professores. A gente tenta incentivar, através de projetos esportivos, que o professor escolha dar o basquete na aula de educação física, e não o handebol ou o queimado.

Arnon chegou à NBA por um misto de oportunidade e acaso. Em 2010, ele havia acabado de voltar ao Rio depois de uma temporada de estudos nos EUA e administrava um pequeno banco de investimentos, quando foi procurado por um caçador de talentos em busca de um executivo para uma liga americana de esportes. A conversa, porém, não prosperou, e a própria ideia de a NBA ter um funcionário aqui foi adiada.

A LNB é bem gerida e está colocando o basquete de volta aos trilhosAté que, passados dois anos, Arnon leu uma entrevista do colombiano Philippe Moggio, em que o então vice-presidente da NBA para América Latina anunciava que eles abririam um escritório no Brasil. Na mesma hora, procurou o perfil de Moggio numa rede social e, na cara de pau, escreveu uma mensagem se oferecendo para a vaga.

– Nós conversamos, e em três dias eu já tinha a proposta para trabalhar com eles – lembra Arnon. – Aí, este ano, o Phillippe foi convidado para ser o secretário-geral da Concacaf e me indicou para o cargo de vice-presidente.

Antes da NBA, a experiência de Arnon com esporte se resumia aos dois anos em que foi presidente do CSA, de Alagoas, no início da década de 2000, quando tinha 23 anos. Nascido no Rio, o executivo é filho do ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello, e chegou a ser candidato a deputado federal por Alagoas, em 2002, mas não foi eleito.

A derrota levou a um novo caminho. Como vice-presidente, Arnon comanda hoje escritórios da NBA no Rio, na Cidade do México e em Nova York, com um total de 32 funcionários. Foi ele o articulador das partidas de pré-temporada de times americanos no Brasil, como o jogo entre Orlando Magic contra o Flamengo, em 2015, e passam por ele as negociações para se exibir os jogos americanos na TV brasileira. Em 2012, eram duas partidas por semana; no início da próxima temporada, em outubro, serão pelo menos oito.

Arnon também atua próximo à LNB, liga brasileira lançada em 2008. Até os anos 1990, o basquete foi o segundo esporte mais popular dos brasileiros, mas uma série de resultados ruins e a desorganização dos campeonatos permitiram que o vôlei, impulsionado por vitórias seguidas das seleções, passasse à frente.

– A LNB é bem gerida e está colocando o basquete de volta aos trilhos. O que talvez ainda falte é melhorar a seleção, para atrair mais gente. Esperamos contribuir – afirma Arnon.