Cotidiano

Nasa quer apressar volta aos voos tripulados próprios

RIO ? A Nasa quer apressar a volta aos voos tripulados próprios, que deixou de fazer desde a aposentadoria de seus ônibus espaciais em 2011. Para tanto, o administrador interino da agência espacial americana, Robert Lightfoot, instruiu Bill Gerstenmaier e sua equipe na Divisão de Exploração Humana e Operação de Missões que estude a inclusão de astronautas na chamada Missão Exploratória-1 (EM-1, na sigla em inglês), o lançamento inaugural do sistema que une o ?superfoguete? SLS e a cápsula Órion e previsto para o fim de setembro do ano que vem. Caso siga em frente, a iniciativa pode acelerar os planos da Nasa de levar humanos para explorar um asteroide nos anos 2020 e Marte na década de 2030, além de uma possível volta à Lua impulsionada pelo presidente Donald Trump, mas criticada por muitos especialistas.

?Sei dos desafios associados a tal proposta, como rever a viabilidade técnica e os recursos adicionais necessários, e obviamente o trabalho extra que demandaria uma data de lançamento diferente?, reconheceu Lightfoot em memorando distribuído aos funcionários da Nasa nesta quarta-feira, no qual anunciou oficialmente o pedido a Gerstenmaier depois que começaram a circular informações de que falou dos planos em reunião que teve com executivos de empresas fornecedoras da agência ainda na manhã de ontem, entre eles representantes da Boeing e da Lockheed Martin, que estão desenvolvendo o SLS e a Órion, respectivamente. ?Dito isso, também quero ouvir as oportunidades que isso pode representar para acelerar o esforço para o primeiro voo tripulado e o que seria preciso fazer para darmos este primeiro passado para levar humanos ainda mais longe no espaço?.

De acordo com os planos atuais, o primeiro lançamento do sistema SLS-Órion aconteceria em 30 de setembro de 2018 e levaria uma cápsula vazia para a órbita da Lua, numa missão de três semanas. Caso seja tripulado, no entanto, o voo deverá ser muito mais curto e provavelmente só será realizado em 2019 ou mesmo 2020. Ainda assim, seria um avanço frente ao plano original, segundo o qual o primeiro voo tripulado do sistema, designado Missão Exploratória-2 (EM-2), só aconteceria em 2021.

A pressa da Nasa para voltar a pôr astronautas por meios próprios no espaço também está sendo vista como uma tentativa de Lightfoot em salvar o programa SLS-Órion, que enfrenta oposição de alguns integrantes do governo Trump, favoráveis a um aprofundamento da comercialização dos voos da agência. Desde que ficou sem os ônibus espaciais, a Nasa conta com os serviços das empresas SpaceX e Orbital para cumprir sua cota de voos de abastecimento da Estação Espacial Internacional (ISS) na baixa órbita da Terra e com ?caronas? nas cápsulas russas Soyuz para levar seus astronautas até lá, trabalho que também a SpaceX e a Boeing deverão assumir a partir do ano que vem.