RIO – Ainda anestesiado após estrear numa Olimpíada, com um sorriso no rosto apesar de figurar na parte debaixo da tabela de classificação, o nadador sírio Rami Anis, de 25 anos, resumiu numa frase o sentimento de estar na competição no Rio: NATAÇÃO 08-08
? Este foi um sonho que se tornou verdade para mim e eu não quero acordar deste sonho.
Rami é um dos dez atletas que integram o time de refugiados e o segundo a estrear numa competição. Ele caiu nas águas da piscina do Estádio Aquático no início da tarde desta terça-feira, nos 100 metros livres.
Participaram das eliminatórias 59 atletas. Rami ficou na 56ª posição, com um tempo de 54s25. Deixou para trás atletas de Camarões, Nepal e Etiópia. O australiano Kyle Chaumers fez o melhor tempo: 47s90.
O atleta do time de refugiados encarou a eliminatória de hoje como uma “preparação” para a próxima, na quinta-feira. Rami considera os 100 metros borboleta sua especialidade.
? Eu espero fazer o meu melhor. Hoje, quando estava esperando para entrar, eu sentia um misto de medo, esperança e coragem, uma paixão pelo esporte, pela natação — afirmou.
O atleta continua numa saga: quer fazer uma foto com o ídolo norte-americano Michael Phelps, que aparece hoje para competição no Estádio Aquático apenas à noite.
? Phelps é um modelo para mim. Espero ser possível fazer a foto com ele.
Rami sonha em competir pelas bandeiras da Síria na Olimpíada de Tóquio, em 2020.
? É um sentimento estranho, competir por uma bandeira que que não é a bandeira do seu país. Mas estou muito feliz por estar aqui, por competir pelos refugiados, porque somos o mundo de certa forma. Eu espero voltar para casa e competir representando meu país em 2020.
Rami vive na Bélgica, onde treina. A primeira atleta refugiada a competir foi Yusra Mardini, 18, também síria e refugiada na Alemanha. Ela não obteve classificação nos 100 metros borboleta. Os dois ainda voltam a competir nesta semana no Estádio Aquático.
