Cotidiano

Na semana em que pedágio sobe, DER confirma que duplicações não vão sair

Estado descarta de vez trecho da 369 até Cascavel e licitação da 277 não tem data para acontecer

Corbélia – Há dois anos, em dezembro de 2015, o governador Beto Richa sai a público em todo o Paraná para garantir que a duplicação da BR-369 entre Cascavel e Corbélia aconteceria em 2017. A um mês para o fim do ano e às vésperas de o pedágio aumentar em todo o Anel de Integração – reajuste na casa dos 4% previsto para 1º de dezembro -, a confirmação vem do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), ligado à Seil (Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística).

Procurado pela reportagem do Jornal O Paraná, o DER respondeu em nota que “não há planos no DER-PR para a duplicação da BR-369 entre Cascavel e Corbélia nos próximos meses”.

A pasta não informou se alguma tratativa caminhou com a concessionária que administra o trecho, a Viapar. Na época em que assegurou que a obra seria feita, o governador disse que o povo paranaense estava cansado de enganações e de demagogias e por isso tinha adotado algumas posturas sobre estes assuntos. Ele disse isso logo depois de a própria concessionária divulgar que não faria a duplicação. “Todos sabem que eu assumi o governo com problemas sérios com as rodovias concessionadas, onde há pedágio (…) Queria ser responsável por este assunto e chega de demagogia, de a população ser enganada, hoje [em 2015] temos duplicações paradas em todas as regiões, chamamos [as concessionárias] para o diálogo fazendo prevalecer o interesse público. A negociação não é fácil, demoramos para iniciar a execução destas obras. Aqui [Cascavel] a obra será feita, temos a duplicação prevista para 2017 e quero tranquilizar a todos: a obra vai acontecer”, garantiu Beto Richa para a imprensa. O governador chegou a afirmar que o próprio Estado bancaria os trabalhos, caso não houvesse negociação com a concessionária.

A Viapar, concessionária que administra o trecho, disse ao Jornal O Paraná que nada há previsto no contrato e que as obras na região se resumem à duplicação do perímetro urbano de Corbélia, onde estão sendo construídos cinco quilômetros de pista dupla, oito quilômetros de marginais e dois viadutos. Para isso, são investidos R$ 60 milhões. O trabalho ali começou em outubro do ano passado e deve ser concluído em outubro de 2018.

Licitação de seis km da 277 não sai este ano

Outra obra assegurada pessoal e publicamente pelo governador Beto Richa, mas que não deverá sair do papel, é a duplicação de 6,1 quilômetros da BR-277 em Cascavel, no trecho que liga o posto da Polícia Rodoviária Federal até as proximidades do Trevo de São João do Oeste.

Pressionado por líderes regionais, em setembro último Beto Richa disse em Cascavel que a licitação começaria ainda neste ano, obra bancada com recursos do Estado. Este trâmite foi praticamente descartado pelo DER, que afirmou que, “após revisão do contrato com a concessionária [neste caso a Ecocataratas], foi definida a duplicação de 3,2 quilômetros da rodovia BR-277 em Cascavel sem necessidade de alteração tarifária”.

Ocorre que o que havia sido anunciado pelo próprio governador no início do ano passado eram nove quilômetros. A mudança nos planos, que cortou 6 quilômetros de pista dupla, gerou comoção de líderes políticos e empresariais e a pressão parecia ter surtido efeito. Tanto que o governador afirmou que o Estado faria a duplicação com recursos próprios e que o processo legal teria início ainda neste ano.

Em nota, a afirmação do DER é de que “o governo do Estado pretende duplicar outros 6,1 quilômetros até as proximidades do Trevo São João com recursos próprios. Estudos técnicos estão sendo realizados e, assim que estiverem prontos, um cronograma de obras será definido e o valor desta obra será conhecido. A partir destes estudos será feito um edital de licitação”. Apesar de questionado, o DER não informou quanto tempo vai levar esse estudo que estaria em andamento nem qual a previsão para início da obra.

Bancada paranaense garante em emendas recursos para a BR-163

Brasília – Os problemas envolvendo obras de infraestrutura na região oeste do Paraná não param e têm tudo para piorar em 2018, principalmente por se tratar de ano eleitoral.

Além dos percalços com as duplicações das rodovias pedagiadas, outras duas duplicações de estradas federais causam preocupação, e com razão.

A destinação de recursos a partir de emenda parlamentares, confirmada pelo ministro dos Transportes, Maurício Quintella, mês passado, para importantes obras de infraestrutura na região não é garantia da retomada da duplicação dos 38,9 quilômetros da BR-163 entre Toledo e Marechal Cândido Rondon (R$ 49,5 milhões) nem da continuidade e conclusão dos 73,4 quilômetros de pista dupla da mesma rodovia, só que no percurso entre Cascavel e Capitão Leônidas Marques (R$ 100 milhões).

Durante sua visita à região, Quintella garantiu que os quase R$ 150 milhões seriam liberados ainda neste ano. Ocorre que, dos R$ 100 milhões para o trecho Cascavel/Capitão, uma parte expressiva apenas vai repor os caixas da Construtora Sanches e Tripoloni, que usou recursos próprios para não interromper os trabalhos. O restante servirá prioritariamente para intensificar as obras da ponte sobre o Rio Iguaçu, em Capitão Leônidas Marques (leia mais nesta página).

Mesmo assim, a liberação desse montante ainda está longe de ser suficiente para concluir os trabalhos. No trecho entre Cascavel e Capitão a estimativa é de que 40% estejam prontos, em uma obra que vai consumir R$ 579 milhões dos cofres públicos. Uma emenda da bancada paranaense proposta ao Orçamento da União prevê mais R$ 150 milhões para 2018. Ocorre que não se trata de uma emenda impositiva e, assim, não há garantias de que o recurso seja liberado, pondo novamente em risco a continuidade dos trabalhos no próximo ano.

Obra sobre a ponte

Uma frente intensifica os trabalhos agora na ponte sobre o Rio Iguaçu. Segundo a Construtora Sanches e Tripoloni, são pelo menos 100 homens que trabalham na fundação. Esta etapa deve estar concluída no fim do próximo mês. A construtora não confirmou quanto tempo será preciso para que a segunda ponte esteja pronta, mas afirmou que, por causa das chuvas, a obra está um pouco atrasada.

A Sanches e Tripoloni também não confirmou se os R$ 100 milhões anunciados por ministro Mauricio Quintella mês passado já estão disponíveis para novas medições. A construtora certificou que outros grupos de trabalho permanecem em outros pontos, na duplicação da rodovia.

Obra entre Toledo e Marechal Rondon deve ser liberada em alguns dias

Toledo – O mesmo problema enfrentado pelo trecho da BR-163 entre Cascavel e Capitão se repete com a duplicação de Toledo e Marechal Cândido Rondon, na mesma rodovia.

Uma emenda da bancada do Paraná prevê a liberação de R$ 200 milhões no ano que vem, mas também se trata de uma emenda não impositiva, ou seja, sem garantias de pagamento.

Lá a obra está bastante atrasada e desde agosto está totalmente parada por falta de dinheiro. Dos 38,9 quilômetros previstos, apenas seis estão duplicados, mesmo assim inacabados. Toda a estrutura exigirá investimentos de R$ 306,5 milhões, mas até agora menos de R$ 100 milhões foram liberados, isso já considerando os R$ 49,5 milhões cuja sanção presidencial da Lei 13.511/2017 foi publicada na última sexta-feira (24) e os recursos deverão estar disponíveis nos próximos dias.

O texto abre Orçamento Fiscal da União em favor do Ministério dos Transportes, Portes e Aviação Civil e destina crédito suplementar no valor de R$ 49,5 milhões para a adequação da BR-163 entre Cascavel e Guaíra, e contempla a duplicação de Toledo a Marechal Cândido Rondon.

A programação da obra passa agora a integrar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Na construtora ainda não há movimentação para a recomposição da frente de trabalho que foi totalmente dissolvida há mais de três meses e remanejada para outras partes do País.