Cotidiano

Na guerra ao mosquito, a informação é a arma principal

aedes1.jpgRIO – Para combater a proliferação de doenças transmitidas
pelo Aedes aegypti, órgãos públicos têm apostado em campanhas de
conscientização. No Rio, a Secretaria municipal de Saúde direciona sua atenção
para as áreas que apresentam alta infestação. Embora a cidade, no último
Levantamento de Índice Rápido para Aedes (LIRAa), feito de 1º a 7 de janeiro,
tenha ficado com índice de 0,97% (abaixo do limite considerado aceitável pela
Organização Mundial de Saúde, de 1%), há lugares onde agentes encontraram grande
concentração de focos. Em Olaria e em comunidades da Penha, como a Vila
Cruzeiro, o LIRAa chegou a 5,3%, o que representa grande risco.

Muitos focos de proliferação de mosquitos foram
encontrados em depósitos de água para uso doméstico, como toneis, barris, tinas
e cisternas. Também foram enquadradas como de alto risco as áreas de Madureira,
Oswaldo Cruz, Cascadura, Quintino, Anchieta, Cavalcante e Engenheiro Leal. Na
região que abrange os morros do Dendê, de São José e da Serrinha, o índice
atingiu 6%. Ali, o problema também está predominantemente ligado ao descuido no
armazenamento de água em residências.

? O LIRAa nos ajuda a atacar cirurgicamente o mosquito ? afirma o secretário
municipal de Saúde, Carlos Eduardo de Mattos.

Hoje, o Rio conta com um exército de 3.300 agentes de
vigilância em saúde na batalha travada de casa em casa. Mas, devido à dimensão
da cidade e à dificuldade dos profissionais para entrar em algumas favelas
dominadas por traficantes, esse trabalho não é suficiente.

? Uma fêmea do mosquito tem capacidade de colocar de 500 a mil ovos por vez.
No período do inverno, ele leva de 15 a 20 dias para nascer. No verão, de sete a
dez, já que ocorrem mais chuvas, o que aumenta o número de recipientes com água
acumulada ? alerta o secretário municipal de Saúde. ? O mosquito vive
basicamente dentro das residências, onde estão 82% dos focos de proliferação. Se
cada morador dedicar dez minutos de sua semana para controlar possíveis
depósitos, ele estará dando grande ajuda no combate ao vetor.

A Secretaria estadual de Saúde segue estratégia
semelhante. Este ano, resolveu inovar na campanha: no próximo dia 10, será
lançado o site ?Rio contra o Aedes?, que substituirá o ?Rio contra a dengue?.
Driblando a crise financeira, uma equipe do próprio órgão desenvolveu o
personagem Dezinho, um menino típico do Rio, de chinelos nos pés, para reforçar
o apelo para cada morador fazer uma vistoria de dez minutos por semana. Dezinho
terá a companhia de outros personagens, todos de sua família, suscetíveis a
doenças transmitidas pelo Aedes. Num dos quadrinhos, por exemplo, o
menino explica ao avô os sintomas e os perigos da chicungunha para idosos. Já a
mãe, grávida, será envolvida em discussões sobre zika e microcefalia. Tudo de
forma bem lúdica.

O secretário estadual de Saúde, Luiz Antônio de Souza
Teixeira Junior, adianta que o material preparado inclui joguinhos dos sete
erros, aplicativo com brincadeiras, memes, cartilhas e bonecos gigantes do
Dezinho. Mas a ideia não é imprimir e distribuir panfletos: arquivos com
informações importantes para o combate ao mosquito ficarão disponíveis no novo
site, e prefeituras, igrejas, escolas, associações comunitárias e outras
entidades poderão baixá-los.

? A principal medida sanitária agora é a informação ? ressalta o secretário.
? Precisamos mostrar como diagnosticar as doenças e os perigos para cada perfil
de cidadão. A zika deve preocupar mais as gestantes; a chicungunha, os idosos.
No caso da dengue, é preciso sempre tomar cuidado com as crianças, mas idosos
também necessitam de cuidado redobrado.

O desejo de Teixeira Junior é que o Dezinho mobilize especialmente as
crianças, para que elas influenciem o comportamento de toda a família:

? Queremos que ele vire o novo Zé Gotinha.