Cotidiano

Na América Latina e Caribe, 47,7 milhões não tiveram comida suficiente em 2019

Genebra – Mais de 47 milhões de pessoas não tiveram comida suficiente em 2019 na região da América Latina e Caribe, quantidade que aumentará em 2020 com a pandemia do novo coronavírus, indica relatório divulgado por cinco agências da ONU (Organização das Nações Unidas) nessa segunda-feira (13). As entidades alertaram para os riscos à saúde associados a dietas insuficientes e destacaram a necessidade de se preocupar com a qualidade da alimentação, e não só com a quantidade.

O relatório “Estado da segurança alimentar e nutrição no mundo” mostra que desde 2015 a fome avançou e se tornou uma realidade para outras 9 milhões de pessoas na região.

Ao todo, o planeta teve 687 milhões de pessoas subnutridas no ano passado.

A ONU revisou as estatísticas para baixo após análises de casos globais, mas ainda assim a subnutrição aumentou pelo quarto ano seguido.

Desaceleração econômica e extremos climáticos foram os responsáveis pelos avanços recentes, e a pandemia de covid-19 deve manter a tendência, já que derrubará economias nos cinco continentes. A estimativa é de que entre 83 e 132 milhões de pessoas passem a viver em insegurança alimentar até o fim do ano.

A insegurança alimentar moderada, aquela que faz as pessoas não terem certeza sobre a capacidade de ter alimentos e precisam reduzir seus padrões de consumo, afetou 2 bilhões de pessoas em 2019: 1 bilhão na Ásia, 675 milhões na África, 205 milhões na América Latina e Caribe e 88 milhões na América do Norte e Europa. Nessa cifra entram ainda aqueles considerados em subnutrição.

O relatório, divulgado uma vez por ano, indica que a região da América Latina e Caribe é a que tem o custo mais elevado para comprar uma dieta saudável: US$ 3,98 por pessoa por dia, um valor bastante superior ao que uma pessoa abaixo da linha da pobreza – que vive com US$ 1,90 por dia – poderia gastar com comida.

Para tornar a alimentação saudável mais acessível, a ONU defende mudanças nas políticas agrícolas e incentivos para uma nutrição mais balanceada. Sugere redução de perdas e desperdícios, estimados em 30%, defende a criação de oportunidades e apoio para pequenos produtores familiares, elevação da eficiência ao longo da cadeia produtiva e políticas de proteção social que incentivem o consumo desse tipo de alimento. Fornecer informação e uma educação sobre a qualidade da alimentação também é citado. A ONU defende ainda a implementação e o fortalecimento de políticas econômicas e sociais para combater os efeitos de ciclos econômicos adversos.