Cotidiano

Museu Internacional de Arte Naïf fecha as portas este mês

RIO ? O Museu Internacional de Arte Naïf (Mian) vai fechar as portas no dia 23 de dezembro. A decisão foi anunciada pela diretora da instituição, Jacqueline A Finkelstein, em carta dirigida nesta quinta-feira aos amigos do museu, depois de ter reunido na véspera os seis funcionários para dar a notícia. O motivo, segundo ela, é a ?dura realidade brasileira?.

? Desde o fim do ano passado, realizamos alguns projetos, em julho/agosto fizemos a exposição das olimpíadas. Mas este mês já foi um caos para cumprir a folha de pagamento, e não vou prorrogar esse pesadelo por mais tempo ? diz ela. ? Temos conversado com instituições do governo, e espero muito conseguir repassar uma quantidade expressiva de obras para eles, em comodato. A minha vontade maior é que a coleção fique com a cidade do Rio. Não quero mais estar à frente. Fazer cultura aqui é muito difícil, e agora está mais difícil ainda ? conclui.

O Mian é uma instituição privada, criada a partir da coleção constituída por Lucien Finkelstein (1931-2008), pai de Jacqueline, francês apaixonado pelo Rio, para onde veio aos 16 anos. O acervo do museu tem 6 mil pinturas, de artistas de 120 países. A ideia de Jacqueline é que a instituição, que passou por uma grande reforma há quatro anos, possa ser administrada pela prefeitura, ou pelo Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), na bela casa do Cosme Velho, Zona Sul do Rio, que é de sua propriedade. Ela diz que vem tendo conversas nesse sentido com as secretarias municipal e estadual de Cultura e com o MinC, através do Ibram. Apesar ter um custo baixo, ela não tem conseguido manter o funcionamento do local, devido à crise econômica, que fez minguar os patrocínios e os investimentos em cultura.

?Tendo em vista a inexistência de projetos de exposições, editais de patrocínio, patrocinadores ou apoios que garantam a continuidade do trabalho desenvolvido pelo Mian em 2017, comunico com pesar o encerramento das atividades do Museu Naïf no dia 23 de dezembro de 2016?, diz ela no texto.

? Eu tenho muita fé, minha esperança, de que um desses órgãos governamentais nos dê algum alento, acene de forma positiva ? acredita ela.