Cotidiano

Municípios intensificam abastecimento com caminhão-pipa

Cidades estão em alerta e temem que falta de chuva se prolongue pela primavera

Três Barras do Paraná – Apesar de ainda não ser cogitado o racionamento de água, a situação na região piora a cada dia de calor intenso, umidade do ar baixíssima e sem nenhuma possibilidade de chuva. Lá se vão 31 dias sem uma única gota d´água e, com isso, cresce o número de municípios com ações emergenciais para abastecimento, principalmente no interior.

Há duas semanas o fornecimento para toda a cidade de São José das Palmeiras é feito com o auxílio de caminhão-pipa, inclusive no perímetro urbano. Por lá, minas e poços simplesmente secaram.

Na cidade de Três Barras do Paraná, onde os mananciais já haviam baixado na semana passada em torno de 30%, a Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura avalia a situação como preocupante e em um caminho crítico. O caminhão-pipa também não para, mas para atender o interior. “Ele volta de um lugar e já parte para o outro, principalmente para fornecer água para os animais”, afirmou o secretário Osni Mocelin.

Ele lembra que somente nas últimas semanas já foram pelo menos 30 pedidos de socorro. Muitos produtores estão solicitando as máquinas da prefeitura para limpar o entorno das mimas na tentativa que mais água brote do solo, mas geralmente a ação não tem sido bem sucedida. “Se continuar mais uns dias assim não sei o que vai acontecer. Está tudo seco e em algumas localidades já não tem mais nada de água”, reforçou preocupado.

Entre as linhas onde a condição é mais preocupante, estão a Nova Esperança, Santa Terezinha, Igreja Amarela e Santo Antonio.

Também no interior da cidade uma cachoeira que costumava jorrar água em abundância, recebendo dezenas de turistas nos fins de semana, está com um filete tímido, quase imperceptível escorrendo pelas pedras.

A situação crítica também pode ser observada no Rio Adelaide, que passa pela cidade de Boa Vista da Aparecida até chegar à Usina de Salto Caxias. Não há uma medição oficial da vazão naquele trecho, mas em muitos pontos dá para perceber que o nível do rio está mais baixo do normal, deixando visíveis alguns bolsões de sedimentos no meio do leito.

Agricultura está em alerta constante

Outro município que começa a sofrer com a escassez de água é Palotina. Segundo a Secretaria de Agricultura é possível observar a diminuição de água nos poços, minas e rios a cada dia. Por lá, o abastecimento especial ainda não foi solicitado por conta da estiagem, mas o alerta está mantido e os veículos estão a postos quando os chamados iniciarem.

Em Tupãssi o SAATU (Serviço de Abastecimento de Água) realizou nesta semana obras de melhorias no sistema de abastecimento.

Foi efetuada a ligação de mais uma rede no sistema, por meio de perfuração subterrânea, para solucionar problemas de falta de água em horários de pico em determinados pontos da cidade. A obra é do próprio município. “É um período de aumento de consumo em que estamos passando por algumas dificuldades, porém vamos seguir realizando as melhorias necessárias para suprir a demanda do nosso município”, diz o prefeito Ailton Caeiro, o Ito.

Diversos municípios da região estão enfrentando problemas de abastecimento por conta das altas temperaturas e o período de estiagem. Recentemente a Sanepar informou que o consumo de água aumentou em pelo menos 30% em algumas cidades que também sofrem com a falta de água em alguns pontos.

Tupãssi tem uma situação controlada, mas está orientando para que os moradores evitem desperdícios neste período de tempo quente e seco.

Rio Paraná e perfuração de poço

A estiagem também reflete no imponente Rio Paraná. Segundo a Itiapu Binacional, a vazão no reservatório ontem era de nove mil metros cúbicos por segundo (nove milhões de litros de água por segundo), um pouco abaixo da média de setembro, que seria de 10,2 mi metros cúbicos por segundo (dez milhões e duzentos mil litros de água por segundo).
Apesar disso, a produção de energia seguia normalmente, sem nenhum tipo de prejuízo.

Em Guaíra, segundo o diretor de Agricultura, Fabiano Melanias Raddatz, a comunidade de Salamanca é a mais atingida pela falta d´água e, além de fornecimento com caminhão- pipa já foi liberado pelos órgãos ambientais, a permissão para a perfuração de um novo poço artesiano ainda nesta semana, principalmente para abastecer as propriedades que ficam mais no alto da comunidade, onde a bomba do poço em uso não tem potência para levar água, devido à baixa vazão.