Cotidiano

Multifacetado, casseta Reinaldo se dedica à música, desenho e rádio

201606082244436369.jpgRIO – Marcado no inconsciente popular com personagens como Devagar Franco, Ótima Bernardes e Rubinho Pé de Chinelo, o humorista Reinaldo possui facetas menos conhecidas que fazem parte da sua vida há tanto tempo quanto as que o tornaram famoso. Uma delas, na verdade, surgiu até antes. Ele ainda era um adolescente quando decidiu seguir a carreira musical e, mesmo que a vida o tenha levado para outros caminhos, manteve a atividade paralelamente.

Há 18 anos ele toca contrabaixo na Companhia Estadual de Jazz (CEJ) ? o nome é um trocadilho com a Companhia Estadual de Gás (CEG). Desde o fim do ano passado, o grupo se apresenta todas as noites de terça-feira na Assis Garrafaria, no Cosme Velho. Como o espaço fica num imóvel onde morou Machado de Assis, Reinaldo costuma dizer que a qualquer hora o escritor aparece para uma canja.

? Nosso repertório traz músicas brasileiras e internacionais tocadas numa levada jazzística, mais especificamente o samba jazz ? conta.

A banda surgiu em decorrência dos shows musicais do Casseta & Planeta, nos anos 1980 e 1990, nos quais Reinaldo tocava baixo elétrico. Por meio de amigos em comum, ele conheceu os integrantes da CEJ: Sérgio Rayne (piano), Fernando Clark (guitarra) e Chico Pessanha (bateria).

Além do conjunto, a dedicação do humorista à música pode ser acompanhada no programa ?A volta ao jazz em 80 mundos?, que ele apresenta desde 2013 na Rádio Batuta, projeto na web do Instituto Moreira Salles. A cada episódio, ele mostra diferentes vertentes do gênero musical que nasceu em Nova Orleans e se tornou uma linguagem universal, com diversos sotaques. O título é uma referência ao livro ?A volta ao dia em 80 mundos?, do escritor argentino Julio Cortázar, que dedicou parte da sua obra para falar sobre jazz. Todos os episódios estão disponíveis na web.

Outra faceta de Reinaldo é como cartunista. Na juventude, ele abdicou do curso de música no Instituto Villa-Lobos para se dedicar à tarefa de criar cartuns no ?Pasquim?, onde trabalhou entre 1974 e 1985.

? Naquele momento, o desenho pareceu algo mais viável de se investir ? lembra.

Em 1984, ao lado de Hubert e Cláudio Paiva, ele criou o tabloide mensal ?O Planeta Diário?, que chegou a vender cem mil exemplares por edição. Mais tarde, a publicação se fundiu com outra, a ?Casseta Popular?, dando origem ao ?Casseta & Planeta?.

Além de colaborar com seus cartuns para O GLOBO e para a revista ?Piauí?, Reinaldo já lançou quatro livros no segmento. Atualmente, ele percorre feiras literárias pelo país para divulgar o mais recente, ?A arte de zoar? (2014).

? O desenho de humor para mim é uma espécie de literatura. Meu desenho tem muita palavra, inclusive. Eu me sinto um desenhista que escreve e um escritor que desenha ? afirma.

A VOLTA À TV

Como humorista, ele se prepara para voltar à TV com a trupe depois de quatro anos longe das telinhas. O seriado ?Procurando Casseta & Planeta? está previsto para ser exibido no fim do ano no Multishow, e terá o formato de um falso documentário, com 20 episódios.

Para o grupo, os próximos dias serão de saudades e nostalgia. Amanhã, completa-se exatamente uma década da morte de Bussunda (que será tema de um especial no Canal Viva, às 22h). A data será marcada com uma pelada entre os amigos.

Outra perda marcante para eles que também está completando dez anos é a do produtor musical Paulinho Albuquerque, um dos responsáveis pela formação do ?Casseta & Planeta? e produtor de shows musicais feitos por eles. Reinaldo mantém um blog dedicado ao amigo.