Cotidiano

MST dificulta acesso em áreas críticas

Equipes do Corpo de Bombeiros estariam sendo ameaçadas caso tentassem entrar nas áreas para controlar as chamas

Quedas do Iguaçu – A Secretaria Estadual de Segurança Pública e a Polícia Militar do Paraná, começaram a definir estratégias de acesso às áreas controladas pelo MST (Movimento dos Sem-Terra) em Quedas do Iguaçu. A maioria dos mais de 600 focos registrados nos últimos 15 dias e que só aumentam com o passar dos dias, estão espalhados por uma extensão territorial de 562 quilômetros quadrados.

De acordo com informações apuradas junto à Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Quedas do Iguaçu, os membros do movimento estariam impedindo o acesso dos militares para o controle do fogo.

Os incêndios florestais provocados por queimadas irregulares tornou a situação praticamente fora de controle em Quedas do Iguaçu. De acordo com a Defesa Civil do Estado, o mais recente levantamento aponta para a existência de ao menos 600 pontos de incêndio em lavouras e área de reflorestamento, ameaçando inclusive o Parque Estadual Guarani.

Para uma dimensão do trabalho que ainda está por vir, soldados do Corpo de Bombeiros sobrevoaram as áreas mais críticas e ficaram espantados com o resultado do mapeamento feito na área. Ao todo, são 562 quilômetros quadrados de extensão com a presença das chamas. A situação torna-se crítica em função da baixa umidade relativa do ar, algo em torno de 15% e as rajadas de vento que favorecem a propagação das chamas pela vegetação.

Os locais onde estão concentrados os focos de incêndios são de difícil acesso e muito estão presentes em área de conflito agrário.

O caso mais grave é registrado no Projeto 4, onde há presença de sem-terra e onde o foco se alastra rapidamente pela mata nativa. “Se nada for feito neste fim de semana, o fogo começará a queimar o Parque Estadual Guarani”, comenta Ladislau Stachelski. “Acabei de chegar da Linha Novo Horizonte e lá a situação é triste”, relata.

Dos seis mil hectares do projeto 4 – local da presença de um número maior de focos de incêndio, mais da metade nunca teve uma árvore mexida, conforme relata ao secretário.

Além da flora, a fauna também tem sofrido com as queimadas. Boa parte dos animais que não sucumbem à fumaça e ao fogo, busca refúgio na cidade.

A equipe de reportagem tentou por diversas vezes contato com a superintendência do Ibama no Paraná para saber que ações pretende tomar para diminuir a devastação da fauna no local, mas não foi obteve retorno. Naquela região, é possível encontrar espécies como onça-pintada, cateto, veado, cotia, entre outros.

Cálculos preliminares da Prefeitura de Quedas do Iguaçu revelam que os prejuízos em áreas de reflorestamento e lavouras já ultrapassa a cifra de R$ 1 milhão. “Não temos como fazer nada sozinhos. Precisamos de ajuda”, disse o secretário. Sem poder ter acesso às áreas onde os focos estão mais severos, resta aos agricultores tentar controlar o fogo da maneira que podem, no entorno das áreas atingidas.

Queimadas agrícolas precisam de autorização

A queimada agrícola é um procedimento comum nesta época do ano, utilizada principalmente para a limpeza de áreas que serão usadas para o plantio de grãos.

Os agricultores, no entanto, além de autorização, precisam seguir as regras estipuladas pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e as recomendações da Emater.

“Um dos cuidados é fazer limpezas de faixas de dois a três metros de largura na área que vai ser queimada e respeitar os limites de áreas florestais e reservas de área permanente”, conta o engenheiro agrônomo Jorge Mazuchowski.

De acordo com o INPE, o risco de incêndio nesta época do ano é alto não só no Paraná, mas em todo o Brasil.