Cotidiano

MRV espera reduzir distratos e aumentar lançamentos em 2017

SÃO PAULO – A MRV Engenharia, maior construtora de imóveis econômicos do país, espera reduzir em mais da metade o número de distratos e aumentar os lançamentos nos próximos meses, disse o co-presidente da empresa Eduardo Fischer. Ele afirmou que os cancelamentos devem recuar para 10% das vendas, bem abaixo do nível de 23,1% observado ao término do terceiro trimestre, mas não detalhou o prazo para atingimento da previsão. Entre as estratégias adotadas para reduzir os distratos, ele citou o registro da venda somente após aprovação do financiamento pelos bancos e a remuneração do corretor em duas etapas, na venda e depois no repasse do imóvel.

? Dificultamos a venda para melhor filtrar o cliente. Assim, embora a venda bruta caia, a líquida sobe ? explicou. Fischer ainda ressaltou a dificuldade maior para revender unidades distratadas em fase final de obras, quando o comprador tem menos tempo para levantar recursos suficientes para bancar os 20% da entrada.

Para 2017, o executivo prevê lançamentos maiores que os de 2016, visto que a demanda por imóveis de baixa renda ainda supera a oferta. De janeiro a setembro deste ano, a companhia lançou 19.589 unidades.

? Dezembro é importante para nós em lançamentos e vamos buscar ainda mais no próximo ano.

A expectativa de lançamentos mais robustos deve manter a MRV focada na compra de novos terrenos. De acordo com Fischer, o estoque atual seria suficiente para suprir 80% da demanda, mas do ponto de vista comercial esse percentual cai para perto de 40% devido ao tempo levado para legalização das áreas e início das obras.

? Estamos mapeando praças e demanda para direcionar os gastos com landbank (estoque de terrenos) ? afirmou o executivo.

Ele ressaltou, contudo, que o desempenho da construtora nos próximos meses dependerá do contexto macroeconômico.

Em 2016, lembrou, a resiliência da demanda no segmento em que a MRV atua, o de baixa renda, foi uma surpresa positiva, enquanto a rigidez na concessão de crédito foi o grande desafio.

Conforme Fischer, os bancos estavam financiando menos que os 80% permitidos pelas regras do Sistema Financeiro de Habitação (SFH).

? Os bancos, na média, estavam concedendo 75%, mas pode ser que voltem para perto de 80% assim que as incertezas ficarem para trás ? disse, em referência à votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita os gastos públicos e à reforma da previdência.

Ao ser questionado sobre possíveis movimentações de fusões e aquisições no setor de construção, Fischer disse não ver uma tendência no curto prazo e ressaltou que a MRV gera capital suficiente para crescer organicamente.