Cotidiano

MPF suspeita de empréstimo feito por radialista à mulher de Cunha

SÃO PAULO ? Um empréstimo de R$ 250 mil feito por Oliveira Francisco da Silva, presidente da Igreja Evangélica Cristo, é um dos indícios de que o ex-deputado Eduardo Cunha envolveu a mulher, Cláudia Cruz, em operações de lavagem de dinheiro, segundo a força-tarefa da Lava-Jato. O empréstimo foi incluído na declaração de Imposto de Renda de Cláudia de 2008 e permaneceu sem quitação até 2014. Em depoimento prestado à Polícia Federal em abril passado, Cláudia disse nunca ter tido situação de dificuldade financeira e que nada sabia sobre o empréstimo.

“Ao que tudo indica, Francisco Oliveira da Silva jamais emprestou dinheiro a Cláudia Cruz, sendo lógico que a simulação do contrato de mútuo serviu apenas como uma fraude para dar lastro para o ingresso de recursos espúrios provenientes dos crimes praticados por Eduardo Cunha no patrimônio da investigada”, afirmam os procuradores

Francisco Silva, ex-deputado pelo Rio e dono de uma rádio, é uma espécie de padrinho político e aliado de Cunha.

Na declaração de renda de 2008, os maiores gastos de Cláudia foram com a compra de dois carros numa loja de veículos em São Paulo – um Cayene S por R$ 310 mil e um Passat por R$ 77 mil.

A informação sobre o empréstimo fez parte do relatório de análise do patrimônio de Cláudia Cruz feito por técnicos da Receita Federal. A quebra de sigilo fiscal revelou um cresciment de 151% no patrimônio da jornalista em seis anos, de 2008 a 2014. O valor pulou de R$ 1,6 milhão para R$ 4,02 milhões.

Em novembro de 2015, já com as investigações da Lava-Jato bastante adiantadas, foi entregue à Receita uma declaração de renda retificadora, correspondente ao ano base de 2013, incluindo dois bens que haviam sido omitidos até então: um veículo BMW (R$ 115 mil), uma aplicação financeira (R$ 188,6 mil) e investimentos imobiliários. Cláudia Cruz havia declarado inicialmente rendimentos de R$ 100 mil. Na retificadora, declarou R$ 400 mil.