Cotidiano

MPF denuncia executivos da Queiroz Galvão e Iesa por corrupção e cartel na Petrobras

SÃO PAULO. O Ministério Público Federal ofereceu nesta terça-feira denúncia contra oito executivos representantes das empreiteiras Queiroz Galvão e Iesa Óleo e Gás, por participação em organização criminosa, corrupção, lavagem de dinheiro, cartel e fraudes à licitação da Petrobras entre 2006 e 2014.

Os procuradores pedem reparação mínima de danos de valores em reais e em dólar. Aos executivos da Queiroz Galvão são cobrados R$ 105 milhões mais US$ 12,4 milhões. Aos executivos da Iesa Óleo e Gás, R$ 47,6 milhões mais US$ 2,3 milhões. Se considerada a cotação do dólar desta terça, a soma corresponde a R$ 201,8 milhões. ?Esses montantes correspondem à estimativa mínima da propina oferecida pelos empreiteiros?, escreveram os procuradores.

De acordo com o MPF, esta é a primeira denúncia que inclui os crimes de cartel e fraude à licitação contra executivos que participavam de negociações de contratos da Petrobras. Dirigentes de outras empresas devem ser alvos de novas ações com o mesmo tema nas próximas semanas, segundo o MPF.

Os denunciados são os executivos Petrônio Braz Junior, André Gustavo de Farias Pereira, Othon Zanoide de Moraes Filho, Augusto Amorin Costa e Ildefonso Colares Filho, da empreiteira Queiroz Galvão; e Rodolfo Andriani, Valdir Lima Carreira e Otto Garrido Sparenber, da Iesa Óleo e Gás. Até o início da tarde desta terça, as empresas não haviam se manifestado sobre a denúncia.

De acordo com as investigações, houve ?oferecimento, promessa e pagamento de propina? para as diretorias de Abastecimento, comandada na época por Paulo Roberto Costa, e de Serviços, comandada por Renato Duque, relacionado a contratos firmados pelas duas empresas com a Petrobras. Os alvos das investigações foram as licitações da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco, e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

Os recursos teriam sido distribuídos por operadores financeiros, como Alberto Youssef, aos funcionários da Petrobras e a parlamentares de partidos políticos que sustentavam os dois diretores no cargo, segundo o MPF.

As duas empresas são acusadas de participar do cartel composto por 16 empresas do ramo de engenharia civil do país na Petrobras. ?Esse grupo tinha a finalidade de fraudar as concorrências da Petrobras e dominar o mercado de montagem industrial da companhia?, escreveram os procuradores.

Os executivos da Queiroz Galvão Ildefonso Colares e Othon Zanoide também foram acusados de lavagem de dinheiro pelo pagamento de propina dissimulado por intermédio de doações eleitorais oficiais. Segundo os procuradores, mais de R$ 4 milhões em propina foram pagos dessa forma na eleição de 2010 ao PP e ao PMDB, intermediados por Alberto Youssef.