Cotidiano

MP apura conduta de promotor sobre comentário de estupro em prova

RIO – O procurador-geral de Justiça do Rio, Marfan Martins Vieira, instaurou um procedimento para apurar a conduta do promotor Alexandre Joppert, que causou polêmica após fazer um comentário sobre estupro, durante uma prova do 34º concurso do órgão. Alexandre Joppert, examinador de Direito Penal, questiona o candidato sobre uma suposta situação de estupro, que ele afirma ser, dependendo da vítima, ‘a melhor parte’. Em nota, o MP afirmou que o promotor foi ?afastado cautelarmente da banca examinadora até a conclusão da apuração dos fatos?. Prova oral do MP do Rio

Alexandre Joppert emitiu um nota de esclarecimento o episódio: ?Com efeito, ao me referir ao fato do executor do ato sexual coercitivo ter ficado com a melhor parte?, estava obviamente me referindo à ?opinião hipotética do próprio praticante daquele odioso crime contra a dignidade sexual?. Até porque, da mesma forma que ?para o corrupto? a ?melhor parte ou exaurimento? do crime de corrupção é o ?recebimento da propina?; da mesma forma que, ?opinião de um estelionatário?; melhor parte ou objetivo?; do seu crime?; é a ?obtenção da indevida vantagem, na mente de praticantes dessa repugnante casta de crimes sexuais, a satisfação coercitiva da lascívia é o desiderato odiosamente perseguido?, diz um trecho da nota do promotor. Violência mulher – 17/06

Um candidato do concurso gravou a pergunta, e o comentário do promotor, e compartilhou em redes sociais, o que gerou diversas críticas:

?Pelo menos a cada 11 minutos, uma mulher é estuprada no Brasil. E, ainda assim, um integrante do Ministério Público, no exercício de função pública, acha razoável expressar esse tipo de comentário. Até quando a igualdade de gênero não será levada a sério??, comentou uma internauta.

?Não há como não ficar estarrecido com tal comentário, advindo de uma banca do Ministério Público, de um examinador conceituado, e respeitado por muitos o qual tenho grande admiração (tinha). Espero com sinceridade, que haja retratação ao comentário, para que consiga fazer acreditar que foi apenas um comentário impensado. Triste e lamentável!?, comentou outro internauta.

?O fato de participar da repressão não significa que não reproduz a cultura do estupro, muito pelo contrário. E ser antipunitivista obviamente não te torna um reprodutor dessa cultura?, foi o comentário de outro usuário do Facebook.

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