Cotidiano

Morte de atriz chinesa acometida por câncer levanta debate sobre eficácia de terapias tradicionais como a acupuntura

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RIO – A morte de uma jovem atriz chinesa, no último dia 7, vem gerando debates no país asiático sobre a escolha da paciente, acometida por um linfoma (câncer no sistema linfático), em não seguir a quimioterapia e escolher terapias tradicionais chinesas.

Xu Ting, de 26 anos, anunciou em julho a doença e justificou a opção por tratamentos milenares como uma alternativa ao alto custo da quimioterapia e decorrentes dores e efeitos colaterais, segundo a BBC.

Na rede social chinesa Weibo, ela escreveu: “Nos últimos cinco anos, eu trabalhei muito duro para sustentar uma família grande. Eu ganhei dinheiro para pagar as mensalidades da escola do meu irmão mais novo, pagar as dívidas dos meus pais e até comprar uma casa”.

Algumas semanas depois do anúncio do câncer, Xu Ting passou a postar fotos na rede social das terapias tradicionais pelas quais passou ? em muitas, ela aparece machucada e sofrendo. Ela passou pela acupuntura e por métodos conhecidos de alguns atletas ocidentais e astros de Hollywood ? como o cupping, que usa copos para fazer sucções no corpo, e o gua sha, em que o corpo passa por uma espécie de raspagem.

Ainda de acordo com a BBC, a atriz chegou a escrever na internet: “Francamente, a medicina tradicional chinesa também é dolorosa”. Alguns internautas chegaram a recomendar que ela seguisse a quimioterapia, como um usuário do Weibo que escreveu: Você precisa confiar na medicina moderna para se salvar”.

No final da vida, ela chegou a recorrer à quimioterapia.

O debate sobre a efetividade da medicina tradicional em contraposição às terapias tradicionais chegou às mídias sociais e ao meio médico. No site people.cn, o doutor Feng Li, da Academia Chinesa de Ciências Médicas em Beijing, escreveu que as terapias chinesas não devem ser culpadas pela morte da atriz.

“Enquanto técnicas ocidentais como a radiologia, a quimioterapia e a cirurgia são eficientes no combate ao tumor, [as terapias chinesas são] efetivas na redução de sintomas como a náusea, os vômitos e a dor que vem com o tratamento ocidental”.

Por outro lado, a pesquisa “Complementary and Alternative Medicine for Cancer Pain: An Overview of Systematic Reviews”, com autoria de estudiosos chineses, concluiu que tratamentos alternativos, incluindo terapias tradicionais do país, tiveram “pouca ou moderada” evidência no alívio da dor do câncer.