Cotidiano

Morte após o parto: Família quer saber se houve erro na aplicação de remédio

A recepcionista Josiane Felipe teve complicações ainda no hospital e morreu dez dias depois

A morte da recepcionista Josiane Felipe, 26, ocorrida no início da noite do dia 22, na cidade de Palmas, devido a complicações após o procedimento de parto realizado dia 12 de junho no Hospital Municipal Dr. Cruzatti, em Marechal Cândido Rondon, será investigada pelas autoridades de saúde e de segurança de Marechal Cândido Rondon e de Palmas.

Ainda consternado com a morte abrupta da irmã, o gesseiro Daniel Soares Felipe e seus familiares, não estariam convencidos com a versão passada ainda de maneira extra-oficial.

Consta que no dia do parto, logo depois de dar à luz ao seu segundo filho, Josiane Felipe começou a passar mal e teve uma parada cardio-respiratória. Devido às complicações no quadro clínico, Josiane Felipe foi encaminhada às pressas para um hospital especializado na cidade de Palmas, por intermédio do helicóptero do Consamu.

Chegando lá, recebeu todos os tratamentos adequados e mesmo com a atenção do corpo clínico, teve morte cerebral na tarde do dia 19 e morreu poucas horas depois.

O corpo de Josiane foi encaminhado para o Instituto Médico Legal de Pato Branco para para exames de necropsia que deverão apontar a causa da morte. Josiane foi velada ontem em Rondon e será sepultada neste sábado, às 10 horas, no Cemitério Municipal de Marechal Cândido Rondon.

De acordo com relatos e informações extraoficiais ainda em fase de apuração, Josiane teria recebido uma medicação errada. Em vez de receber uma injeção utilizada para contração do útero e contenção da hemorragia, teria recebido uma medicação que age como relaxante muscular usada nos casos de pacientes que precisam ser entubados. Quando aplicado esse remédio, os enfermeiros responsáveis têm poucos segundos para realizar a entubação, o que não teria ocorrido. Vale dizer que todas essas informações ainda são preliminares e somente com exames mais detalhados poderá se chegar à causa da morte.

Josiane, que já tem uma filha de 8 anos, trabalhava como recepcionista e sempre teve uma vida saudável, de acordo com os familiares. “Queremos justiça e vamos lutar até o fim para saber o que realmente provocou a morte de minha irmã”, comentou Daniel Felipe. A enfermeira responsável pela paciente teve seu afastamento confirmado pelas autoridades até o esclarecimento dos fatos.

 

VANDRÉ DUBIELA

 

Comitê da 20ª Regional de Saúde vai acompanhar caso

Mesmo ainda não oficializada e com os prontuários em mãos sobre todos os procedimentos adotados durante o parto de Josiane, o Comitê de Avaliação de Óbitos Maternos e Infantis da 20ª Regional de Saúde e dos municípios envolvidos, pretende acompanhar de perto esse caso e propor ações para evitar a ocorrência de situações semelhantes.

A diretora da 20ª Regional de Saúde em Toledo, Denise Lielll, disse estar ciente do caso e que todas as avaliações serão feitas, desde o início do pré-natal à morte da paciente. “Com o relatório em mãos, vamos encaminhar para o comitê da Secretaria Estadual da Saúde”, adiantou. “Temos o papel de analisar o caso e determinar a reorganização do sistema e não proceder com penalizações”. (VD)

Prefeitura abre processo investigativo

Em nota, a Prefeitura de Marechal Cândido Rondon se pronunciou sobre o caso. Afirma que até a tarde de ontem, não havia recebido “qualquer comunicado oficial por parte do corpo clínico do hospital da cidade de Palmas”.

Ainda conforme o comunicado,  desde o momento do parto, o Hospital Municipal Dr. Cruzatti, o governo rondonense ter adotado todas as medidas de forma ágil, inclusive com a transferência da paciente utilizando o helicóptero do Consamu para o transporte até a cidade de Palmas. “Além de prestar todo o acompanhamento e apoio necessários à família, juridicamente possíveis”.

A prefeitura cita ainda ter determinado a abertura de processo investigativo caso fosse levado a termo de forma célere e transparente, “o que vem ocorrendo dentro das normas que a legislação preceitua”. (VD)

 

Partos iniciaram no começo do mês

O Hospital Municipal Dr. Cruzatti passou a realizar os partos e cirurgias no dia 1º de junho. Uma espera de seis anos depois do descredenciamento do SUS (Sistema Único de Saúde). Os partos ocorriam em outras cidades. Nesta época, há inclusive registro de casos de nascimento de bebês durante o trajeto, às margens de rodovias. (VD)

Inquérito policial é instaurado

A família clama por justiça e quer ter em mãos documentos oficiais que apontem a causa da morte de Josiane Felipe. Como de praxe, um inquérito policial foi instaurada em Pato Branco para investigar o caso. O Coren (Conselho Regional de Enfermagem), também já teria iniciado os trâmites investigatórios. Conforme Daniel Felipe, o laudo com a causa da morte deverá ser divulgado em 30 dias. “O corpo clínico do dia nos confirmou que houve erro na aplicação do medicamento, mas isso não é o suficiente, queremos saber o que mais está por trás de toda essa triste situação”, diz, com a voz ainda embargada pela perda da irmã. “Não estamos conformados com essa versão”, comenta ela, acrescentando: “Sabemos que houve outras situações que contribuíram com a morte de minha irmã”. Daniel disse que exames preliminares feitos pelo IML de Pato Branco detectaram “a presença de uma substância no corpo de Josiane”. Daniel rebate ainda a versão de que a prefeitura deu todo o respaldo necessário para os familiares. “Não tivemos amparo nenhum”.

O bebê está na casa dos avós, no bairro de Higienópolis, em Marechal Cândido Rondon. O marido de Josiane não foi localizado para dar sua opinião sobre os fatos. (VD)