Esportes

Morre Valmor Weiss, vice-presidente da FPrA

Valmor Weiss estava internado havia alguns dias em um hospital da capital paranaense, tratando-se das complicações da covid-19

Valmor Weiss era o atual vice-presidente da Federação Paranaense e foi também vice-presidente da CBA
Valmor Weiss era o atual vice-presidente da Federação Paranaense e foi também vice-presidente da CBA

Morreu na manhã de ontem, em Curitiba, Valmor Weiss, ex-piloto, empresário, vice-presidente da Federação Paranaense de Automobilismo (FPrA) e Conselheiro do BRDE ((Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul). Ele tinha 83 anos e deixa esposa, três filhos e netos.

Valmor Weiss estava internado havia alguns dias em um hospital da capital paranaense, tratando-se das complicações da covid-19. Ele chegou a postar nas redes sociais que tinha se recuperado, mas não resistiu a uma pneumonia.

Ao comunicar o falecimento de seu vice-presidente, Rubens Gatti, presidente da FPrA, diz que o 21 de dezembro é um dia triste pela morte do amigo de longa data. “Perdemos um grande companheiro, uma pessoa de livre acesso no esporte, na política, na classe empresarial e na sociedade curitibana. Atuou em inúmeras entidades. Era um grande administrador. Perdi meu braço direito na Federação”, exclama Rubens Gatti.

Catarinense de nascimento (nasceu em Rio do Sul) e paranaense de coração, Valmor Weiss era uma pessoa benquista em todos os segmentos por onde transitava. Sempre bem humorado, chamava a atenção por se anunciar ao chegar a um local ou ao cumprimentar um amigo com a palavra “Animal”, entoada em voz alta, e sempre se despedia com a palavra “shalom”.

Foi piloto, dirigente no automobilismo e em entidades de classe ligadas ao transporte. Foi fundador da Transweiss, com atuação no setor de transportes de cargas e taxi aéreo.

Na condição de piloto, Valmor Weiss se destacou na Velocidade na Terra e no Campeonato Paranaense de Marcas. Também patrocinou e ajudou muitos pilotos e equipes. Estava na diretoria da Federação Paranaense de Automobilismo desde os anos 90. Atualmente exercia a vice-presidência e era o diretor financeiro. Só deixou a entidade de 2009 a 2012, quando foi um dos vice-presidentes da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo), na primeira gestão de Cleyton Pinteiro. Em 2012 foi laureado como Troféu Moura Britto.

Presidiu entidades como o Setcepar (Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Estado do Paraná), de 1983 a 1986; e a Fetranspar (Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Estado do Paraná), de 1999 a 2001. Integrou diretorias de dezenas de entidades empresarias e sociais.

Nas entidades ligadas ao transporte, nas quais integrou diretorias, teve forte atuação na luta pela melhoria da infraestrutura rodoviária e aeroportuária paranaense, como a terceira pista no Aeroporto Afonso Pena.

Rubens Gatti e Valmor Weiss, parceiros na administração do automobilismo paranaense

Trajetória retratada em livro

 

Valmor Weiss deixa uma rica biografia. Um pouco de sua história foi eternizada no livro Prisioneiro da Cela 310, escrito pelo jornalista Milton Ivan Heller e lançado em 2011.

O livro narra a história do menino pobre e encapetado que passa por dificuldades, entra para o Exército, é preso durante a ditadura militar e acaba se tornando um dos empresários mais bem-sucedidos do Paraná.

Conforme o livro, o menino pobre de Rio do Sul (SC) passou fome, andou descalço, mas não aceitou que as muitas dificuldades inibissem a alegria de viver. Foi ajudante de carroceiro, garçom e contínuo. Entrou para o Exército, tornou-se sargento e acabou assinando uma coluna no jornal Última Hora, que apoiava o Governo João Goulart e foi alvo de repressões.

Por sua ligação com o Última Hora, aliado ao fato de ser vice-presidente da Associação dos Sargentos e Subtenentes, Weiss foi preso por um ano e meio após o Golpe de 1964. Ficou incomunicável a maior parte do tempo. Leu perto de 2 mil livros. Os Miseráveis, clássico de Victor Hugo, conseguiu decorar, lendo em voz alta para ouvir um som humano e manter a sanidade.

Valmor narra no livro que, ao sair da prisão, passou por dificuldades. Abriu uma mercearia aos 29 anos. Tinha 34 cruzeiros no bolso, comprou uma caixa de laranjas, uma de maçãs, cheiro-verde, alface e muita banana… No primeiro dia atividade da mercearia, transformou os 34 cruzeiros em 48 e ainda sobrou mercadoria para o dia seguinte. O que veio depois foi trabalho e sucesso.