Cotidiano

Morre a cantora Sharon Jones, aos 60 anos

RIO ? Uma das grandes vozes da soul music, Sharon Jones morreu nesta sexta-feira, aos 60 anos. A cantora, que se apresentava com a banda The Dap-Kings, travava uma batalha contra o câncer. A informação foi confirmada por seus assessores: “Estamos profundamente tristes de anunciar que Sharon Jones morreu depois de uma batalha heroica contra o câncer pancreático. Ela estava cercada por seus amados, incluindo the Dap-Kings”, diz o comunicado.

Em 2013, a cantora anunciou que havia sido diagnosticada com câncer no canal biliar, ainda na fase 1, e submetida à cirurgia. A doença adiou o lançamento de seu sexto e último álbum de inéditas ao lado dos Dap-Kins, “Give the people what they want”, que saiu apenas no ano seguinte e foi indicado ao Grammy ? pela primeira vez em sua carreira. A doença avançou, e Sharon também descobriu um câncer pancreático. Após submeter-se a uma nova cirurgia, a cantora passou por sessões de quimioterapia.

No ano passado, quando passou pela segunda e última vez pelo Brasil, Sharon Jones acreditava estar livre da doença.

? Muito da minha cura tem a ver com os meus fãs. Recebi o diagnóstico logo depois do meu aniversário de 57 anos, e achava que não chegaria aos 58. E cá estou eu, acabando de completar 59! ? disse ela ao GLOBO na época. ? Depois daquela noite (em que recebeu a notícia sobre a enfermidade), achei que não ia mais conseguir me apresentar, dar às pessoas o que elas queriam.

Sharon Jones nasceu em North Augusta, na Carolina do Sul, em 1956, a caçula de uma família de seis irmãos, mas cresceu no efervescente Brooklyn nova-iorquino. Sua carreira começou cantando na igreja e em shows de talentos. Para garantir seu sustento enquanto não decolava na música, chegou a trabalhar como agente penitenciária e segurança de banco.

Um de seus primeiros trabalhos importantes foi como cantora de apoio do lendário Lee Fields. A única das três cantoras convocadas para a sessão de gravação a efetivamente aparecer no estúdio, Sharon gravou todos os vocais, impressionando Gabe Roth e Philip Lehman, das já extintas gravadoras Pure Records e Desco Records, que a contrataram.

Sua tão almejada decolagem, aliás, aconteceu relativamente tarde. Sharon lançou seu primeiro single, “Damn it’s hot”, em 1996, quando já tinha 40 anos. Seis anos depois, a Sharon Jones & The Dap-Kings lançaram seu primeiro álbum, “Dap dippin'”.

Em pouquíssimo tempo, Sharon e a banda construíram uma reputação tanto pelos incendiários shows ao vivo, quanto pelas muitas gravações em tão pouco tempo de carreira profissional. “Quem já viu Sharon ao vivo sabe que, apesar de ter cerca de 1,5 metro, ela é uma gigante no palco, um dínamo que gera uma corrente contínua de soul, apoiada pelo groove funky dos Dap-Kings (banda que Sharon emprestou para Amy Winehouse gravar seu consagrador ?Back to black?)”, disse o crítico Carlos Albuquerque quando do lançamento de seu último disco.

No início desse ano, a cantora foi tema do documentário “Miss Sharon Jones!”, que relembra sua trajetória incomum até se tornar “a versão feminina de James Brown”, como costumava ser chamada. No mês passado, escalada para cantar no festival South By Lawn, o primeiro promovido por Barack Obama na Casa Branca, Sharon precisou cancelar o show devido a uma pneumonia.

Em vez de flores, a família pede para que sejam feitas doações à Lustgarten Foundation, à James Brown Family Foundation e à Little Kids Rock.