Cotidiano

Moro nega adiar audiências de Lula em razão da morte de Marisa

SÃO PAULO. O juiz Sérgio Moro negou, nesta quarta-feira, o pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para adiar em 15 dias as audiências que envolvem o petista na Lava-Jato. As sessões estavam agendadas a partir de 9 de fevereiro. Os advogados alegaram que o contato com Lula está prejudicado em função da morte da ex-primeira dama Marisa Letícia Lula da Silva, na última sexta-feira, em decorrência de AVC provocado pelo rompimento de um aneurisma cerebral. No pedido, os defensores argumentam que , ?motivos pessoais relevantes? impedem que a defesa possa se preparar para as audiências, o que garante a ampla defesa do réu.

O juiz entendeu que ?apesar do trágico e lamentável acontecimento?, a defesa já tinha ciência dos prazos processuais. Moro também reiterou que o ex-presidente foi dispensado de comparecer ao juízo.

?Há diversas audiências já designadas, com dezenas de testemunhas, e para as quais foram realizadas dezenas de diligências por este juízo e pelos diversos juízos deprecados para a sua viabilização?, disse o magistrado em seu despacho.

O pedido da defesa foi feito na ação que acusa do ex-presidente Lula de obter vantagens da construtora OAS, como o tríplex na Praia das Astúrias, no Guarujá, e benfeitorias feitas no apartamento, como reforma, instalação de elevadores e móveis planejados.

Nesta terça-feira, a OAS Empreendimentos, que está em recuperação judicial, informou a Moro não ter localizado qualquer contratação ou doação feita pela empresa a ex-presidentes da República, “tampouco para institutos ou fundações a eles relacionadas”.

A ação está na fase de audiências com testemunhas indicadas pela defesa de Lula.

TRIPLEX E ARMAZENAGEM DO ACERVO

Neste processo, Lula é acusado pela força-tarefa da Lava-Jato por lavagem de R$ 1,3 milhão pagos pela OAS para armazenar o acervo presidencial entre janeiro de 2011 e janeiro de 2016 em depósitos da Granero. Foram 21 pagamentos mensais de R$ 21,5 mil e, segundo os procuradores, a quantia era proveniente de crimes praticados pela empreiteira em licitações da Petrobras.

A defesa do ex-presidente afirma que o tríplex nunca foi da família Lula, que apenas visitou o apartamento com a intenção de compra, e que a armazenagem do acervo presidencial foi negociada com o Instituto Lula como contribuição privada, depois que ele deixou o governo.